Pressão no governo e no Congresso

A CUT realiza amanhã manifestação em Brasília contra a proposta do governo para a reforma da Previdência. Será a primeira ação política da Central depois de seu último congresso e sob a Presidência de Luiz Marinho.

 “Vamos tensionar e pressionar para abrir um canal de negociação com o governo e o Congresso”, disse Marinho.

O que a CUT quer mudar na proposta de reforma da Previdência?
Não concordamos com a taxação dos inativos, queremos um teto maior de aposentadorias e um processo de transição para as novas aposentadorias.

Havia uma proposta no congresso da CUT que pedia a retirada da reforma…
Se a posição da CUT fosse contrária à reforma, seríamos derrotados. O governo tem maioria no Congresso Nacional, tem apoio dos governadores e da sociedade. Se ficássemos falando contra, ninguém nos ouviria.

Então épossível mudar a reforma?
Vai depender muito da nossa mobilização. Nenhum dos lados vai abrir mão. Temos que tensionar, pressionar e achar um ponto de equilíbrio entre o que o governo quer e o que propomos.

Algumas correntes da central chegaram a falar em rebelião de sindicatos contra essa posição. Como você vê isso?
Acredito que isto foi dito no calor dos debates no congresso. A diretoria eleita tem responsabilidade com a união da CUT e espero que esses setores tenham humildade para entender a conjuntura. Se tiverem a petulância de se rebelar serão tratados da mesma forma.

Quais seus principais objetivos à frente da CUT?
A CUT precisa cada vez mais negociar e dialogar com a sociedade. Temos de aperfeiçoar nossa ação diante da conjuntura que se encontra o País. Teremos de organizar uma agenda permanente de negociação com todos os setores. Um exemplo é em relação às lutas do funcionalismo. Se a CUT inovar e lutar para intervir nos orçamentos públicos, exigindo que nas metas de gastos dos governos federal, estaduais e municipais entre a valorização do servidor e melhores salários, talvez tenhamos mais êxito que fazer greves depois. O mesmo vale para outros setores, como perseguir os contratos coletivos de trabalho e a organização por local de trabalho.

O congresso da CUT encerrou sua passagem de 19 anos pelo Sindicato. Faça uma retrospectiva do período.
Minha trajetória no Sindicato é cheia de boas lembranças das lutas que travamos. Nesse período houve uma nítida evolução de cada etapa que o Sindicato foi construindo. Lutamos por democracia, rompemos com a fase da ditadura no local de trabalho e hoje podemos exercitar a representação sindical, com negociação e apresentado propostas e alternativas. Também vivi a fase que introduzimos o viés da cidadania na ação sindical, nos preocupando em debater alfabetização, inclusão social, questões de gênero, economia solidária etc.