Queda dos juros: Bancos são os culpados, denuncia Feijóo
Qual sua opinião sobre a proposta de Marinho? – O País precisa voltar a crescer e é fundamental a queda dos juros. Mas não adianta baixar só a taxa do Banco Central. Isto já ocorreu na semana passada. O mérito de Marinho foi ter ido além e questionado por que os juros bancários são tão altos. Se a taxa estipulada pelo Banco Central é de 26% anuais, por que o trabalhador paga até 180% ao ano no cheque especial. Por que uma pessoa tem que pagar 200% ou 220% quando compra um eletro-doméstico a prazo?
O que justifica este lucro astronômico? – Na verdade, as taxas cobradas pelos bancos são um absurdo e um ataque contra o desenvolvimento do País. Marinho merece parabéns por alertar que o debate sobre juros não se resume a taxa do Banco Central e colocar em discussão os lucros astronômicos, superiores a 40% que os bancos têm às custas do empobrecimento do trabalhador e do desenvolvimento do País, e não são alcançados por qualquer outro setor.
Os bancos alegam necessidade de se previnir ao risco de calote. – Isso não é verdade. Se o dono de uma padaria faz uma escolha errada, paga os prejuízos pelo erro que cometeu. Com os banqueiros isso não acontece. Eles distribuem cheques especiais a torto e a direito. Fazem empréstimos sem olhar garantias. E quando o banco toma um calote, cobra o prejuízo dos bons pagadores, jogando as taxas lá em cima. Isto é, os banqueiros transferem o risco que devia ser deles para os demais clientes. E como cobram juros escorchantes, nunca têm prejuízo, nunca pagam pelos erros que cometem. Isso precisava ser questionado.
Dê um exemplo. – Considere um trabalhador que recebe salário em conta corrente e entre no especial. Qual o risco de calote que o banco corre neste caso? Nenhum, pois o dinheiro será imediatamente debitado. Ora, se neste caso o banco não corre nenhum risco, porque os juros cobrados desse trabalhador devem ser os mesmos que os cobrados de um cliente sem qualquer garantia? Para este companheiro que nunca dará calote o spread (taxa de risco) deve ser zero. Nunca os 10% ou 12% que são cobrados atualmente. Este exemplo é a prova de que os banqueiros enganam a opinião pública ao tentar justificar suas altíssimas taxas. Na verdade, ao cobrar os juros que cobram não correm qualquer risco, pois os bons pagadores pagam o preço da incompetência.
Como diminuir o risco também nos financiamentos e empréstimos? – Este é centro do debate que Marinho propôs. Ele sugeriu ao ministro Palocci costurar com os bancos e empresas um acordo em que o trabalhador que precisar de um financiamento ou empréstimo possa ter as parcelas descontadas diretamente na folha de pagamento. Desta maneira acabaria o risco de calote e a taxa bancária seria obrigada a diminuir. Eu acredito que este acordo é possível.
E acho também que poderia ser o primeiro passo para debatermos não só os juros, mas tudo o que engorda os lucros dos bancos neste País onde eles praticam o capitalismo sem risco. Com isso estariam sendo criadas condições efetivas para a retomada do crescimento econômico e da geração de novos empregos, de que o Brasil tanto precisa.