Discurso na ONU: Lula pede ação internacional e fortalecimento da organização
O presidente Lula defendeu ontem, em seu discurso na abertura da 58ª Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o aperfeiçoamento do sistema multilateral da entidade para uma convivência mais democrática entre os países.
Segundo ele, as tragédias do Iraque e do Oriente Médio só encontrarão solução num quadro multilateral e, especialmente, com a ONU desempenhando um papel central. “Pode se vencer uma guerra isoladamente. Mas não se pode construir a paz duradoura sem o concurso de todos”, ressaltou.
Em referência à política dos Estados Unidos que invadiu o Iraque como justificativa de combate ao terrorismo, o presidente afirmou que a ONU não foi criada para remover os escombros dos conflitos que ela não pôde evitar. “Nossa tarefa central é preservar os povos do flagelo da guerra. Não podemos confiar mais na ação militar”, disse o presidente.
No discurso, Lula pediu a reforma da ONU, com a participação do Brasil no Conselho de Segurança da Organização, e fez uma homenagem ao embaixador Sérgio Vieira de Mello morto no atentado ao prédio das Nações Unidas no Iraque.
Ele voltou a criticar os países ricos pelas barreiras comerciais impostas aos países pobres. E, em relação ao combate à fome e à miséria, disse que esta é a única guerra que todos poderão vencer. “A fome é uma emergência. Sua erradicação é uma tarefa civilizatória. O verdadeiro caminho da paz é o combate sem trégua à fome e à miséria, numa campanha de solidariedade capaz de unir o planeta”, afirmou.
O presidente brasileiro encerrou seu discurso reforçando que o maior desafio da humanidade e, ao mesmo tempo o mais belo, é justamente o de humanizar-se. “É hora de chamar a paz pelo seu nome próprio: justiça social”, concluiu Lula.