Celso Daniel: Dois anos de luto
Completou ontem dois anos que o então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), foi encontrado morto em uma estrada de terra em Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo, com marcas de tiros e sinais de tortura.
Sequestrado dois dias antes, quando voltava de um jantar em São Paulo, ele teve seu carro interceptado por uma quadrilha. Na época, Celso Daniel coordenava a elaboração do programa de governo de Lula.
Mesmo com a prisão dos membros da quadrilha, forças conservadoras procuram tirar proveito político do episódio e lançam acusações sem qualquer fundamento pela imprensa, deixando de mencionar o brilhante trabalho do administrador.
Celso Daniel foi eleito prefeito de Santo André pela primeira vez em 1989. Recebeu uma cidade abandonada, com as finanças em panda-recos e sem perspectiva de futuro. Inovou a administração instalando o orçamento participativo, saneando as finanças, incentivando a participação popular e buscando a inte-gração regional.
Não disputou a reeleição porque na época era proibido, mas voltou à Prefeitura em 1997 e liderou a formação do Consórcio de Municípios e da Câmara Regional, insistindo que o ABC necessitava de soluções integradas entre as cidades que o formam.
Durante suas gestões, modernizou a cidade e incentivou projetos que resultaram em prêmios nacionais e internacionais para Santo André em áreas como urbanismo, habitação, infância e administração, até sua carreira ser brutalmente interrompida.
Investigação da Polícia Civil concluiu por crime urbano e determinou a prisão de seis homens da favela Pantanal. A pedido da família do prefeito, o caso foi reaberto pelo Ministério Público.
Em dezembro, promotores de Santo André apontaram como mandante Sérgio Gomes da Silva, ex-segurança de Celso, que nega participação no crime.