Esperança de um Brasil diferente

Como o movimento influenciou três dirigentes metalúrgicos

“Depois que vi aquele mar de gente no Anhan-gabaú, tive certeza que o poder nas mãos dos militares estava com os dias contados”, lembra Mauro Soares, do Comitê Sindical da Federal Mogul, em Diadema.

Sobrinho do atual deputado federal Devanir Ribeiro, Mauro tinha 19 anos, cursava o 2º grau e trabalhava na ferramentaria na Volks. Ele participava das discussões políticas que aconteciam na sua seção mas não era um militante.

“A participação no comício foi uma espécie de pontapé na minha militância política”, comentou.

Rafael Marques, coordenador da CF e CSE na Ford, também tinha 19 anos na época e participou do comício do Anhangabaú.

Ele recorda que existia muito comentário nos jornais e se empolgou em participar do comício porque achava importante marcar presença no processo de democratização do País.

Do comício guarda boas lembranças: “Saí convicto que o País iria mudar a partir dali. Era muita gente nas ruas exigindo democracia”.

“Fui me envolver em política pouco tempo depois, trabalhando na candidatura de Suplicy para prefeito de São Paulo”, contou ele.

Outro me-talúrgico que na época tinha 19 anos é Adilson Gatti, da Comissão de Fábrica na Volks.

Adilson, na época, servia o Exército em Curitiba, Paraná. “Era caipira do interior, de Nova Esperança, e pouco sabia sobre o País, já que a maior parte da informação que recebia era de dentro do quartel”, disse ele.

“A gente sabia que alguma coisa acontecia. Ficamos em alerta durante o comício pelas Diretas Já rea-lizado na Boca Maldita, em Curitiba. Mesmo assim o movimento contribuiu para eu assumir minha mili-tância política”, comentou.