Guerrilha no Araguaia: Militares apoiarão buscas dos corpos
Depois de um longo silêncio, os militares vão garantir apoio técnico e logístico à busca dos corpos dos guerrilheiros que combateram a ditadura militar na região do Araguaia, nos anos 70. Até o governo FHC o assunto foi adiado ou rejeitado nas Forças Armadas.
Agora, através do Decreto 4805, o presidente Lula criou uma comissão com a participação dos Ministérios da Justiça e da Defesa, com o apoio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para levantar documentos e informações que possibilitem as buscas.
Após a decisão presidencial, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, determinou, em portaria confidencial, que “todo esforço possível seja feito no apoio à busca dos restos mortais dos guerrilheiros”.
>> 25 anos depois
A suspensão do bloqueio dos militares à busca dos corpos ocorre 25 anos depois da anistia. O porta-voz do Exército, general Augusto Heleno Pereira Ribeiro, disse que “a tarefa do Araguaia será cumprida sem nenhuma conotação de caráter ideológico e sem revanchismo, pois trata-se de uma tentativa justa de buscar corpos de brasileiros”.
Entre os oficiais a prestarem informações sobre as buscas está o coronel Pedro Corrêa Cabral, que participou das operações aéreas contra a guerrilha.
Segundo ele, “é possível resgatar os restos mortais dos guerrilheiros”. O militar conta que a convenção da ONU sobre presos em conflitos foi totalmente desrespeitada no Araguaia.
“Eu não aceitei as idéias dos guerrilheiros, mas o sofrimento a que foram submetidos foi cruel e desumano”.