Ditadura extingue liberdade e coloca o País nas trevas

O golpe militar de 1964 encerrou um período de liberdade política como nunca havia existido no Brasil. As liberdades públicas foram eliminadas progressivamente até que, em dezembro de 1968, o governo decretou o AI-5 (Ato Institucional nº5) e passou a concentrar poderes excepcionais, transformando o regime político numa ditadura, cuja fase mais violenta e repressiva estendeu-se até 1974.O regime só terminou em 1985.

Logo nos primeiros dias após o golpe, uma violenta onda de repressão foi detonada, atingindo os setores mais mobilizados à esquerda. Milhares de pessoas foram presas. A ocorrência de casos de tortura era comum. Já na noite de 31 de março de 64, os golpistas e seus puxa-sacos passaram a invadir sindicatos, os Centros de Cultura Popular e tudo que fosse ligado ao governo de João Goulart e a prender dirigentes e militantes.

Eram ações irregulares e fascistas pois não levavam mandado de prisão ou qualquer outra ordem judicial para efetuar as detenções. Bastava a força das armas do novo regime contra aqueles que foram identificados como seus inimigos: trabalhadores, sindicalistas, católicos progressistas, pessoas de esquerda, políticos nacionalistas e todos que de uma forma ou outra lutavam para ampliar a liberdade do povo brasileiro. Era o começo do regime de terror que duraria 21 anos.

Em 9 de abril de 64, os generais publicam o Ato Institucional nº 1, que rompia com o sistema político criado pela Constituição de 1946. Com ele, o ditador de ocasião – erradamente chamado presidente, pois não fora eleito pelo voto – podia cassar políticos, suspender os direitos políticos de qualquer cidadão e declarar o estado de sítio. Não era a ditadura total mas estava perto.

No dia seguinte saíram as primeiras cassações, de lideranças sindicais de esquerda e 102 membros do governo deposto. Durante a ditadura, foram cassados 50 congressistas (deputados e senadores), além de 43 deputados estaduais e dez vereadores. Os militares afastaram 49 juízes, 1.408 funcionários civis e 1.200 colegas de farda. Cem pessoas tiveram seus direitos políticos cassados.

>> Terror

Ainda em abril, sindicatos e federações operárias sofreram intervenções, foram extintas as ligas camponesas e todas as organizações que defendiam as reformas de base no governo anterior. As perseguições e as prisões se multiplicaram. Foram detidos mais líderes sindicais e operários, líderes religiosos e estudantis, professores, camponeses e militares. O terror era cada vez maior.

A intenção da ditadura era acabar com o movimento popular. Os interventores nos sindicatos, por exemplo, eram escolhidos de acordo com seu compromisso com os militares. O interventor nos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, cassou 1.800 trabalhadores. O sindicato, que tinha 70 mil sócios em 1964, caíra para 40 mil associados em 1969. Aqui no Sindicato, 4.202 companheiros foram afastados.

No dia 15 de abril, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República.

O regime militar que passou a vigorar era baseado no fortalecimento do poder Executivo e na idéia de “segurança nacional”.

Para isso, dizia necessária uma ação denominada “operação limpeza”.