Dívida externa triplicou
O Brasil, com os trabalhadores amordaçados, governantes entreguistas e todas as facilidades possíveis para o capital internacional, era ainda mais atraente. Refletindo tudo isso, entre 1969 e 1973 a dívida externa brasileira cresceu 286%, indo para 12,6 bilhões de dólares.
O dinheiro foi gasto em obras faraônicas, como a Transamazônica, usinas nucleares, Itaipú, ponte Rio-Niterói etc. O País financiou seu crescimento endividando-se e ficando a mercê da economia mundial.
Esse baque foi sentido na primeira crise do petróleo (quando os produtores aumentaram várias vezes o preço do petróleo, provocando sua escassez em todo o mundo). Ela agravou a recessão nos países desenvolvidos e colocou nas mãos de meia dúzia de governantes árabes 62 bilhões de dólares. Os eurodólares transformaram-se em petrodólares.
Para o Brasil, a crise significou o aumento da necessidade de dinheiro emprestado, pois os gastos com petróleo aumentaram quatro vezes, saltando de 700 milhões de dólares, em 1973, para 2,8 bilhões em 1974.
Com isso, a dívida externa continuou subindo e, em 1979, atingiu 55 bilhões de dólares, com 77% de inflação. A dependência brasileira de dinheiro emprestado subia.
Nesse mesmo 1979, dois acontecimentos acabaram de arrasar o já combalido milagre: o segundo choque do petróleo, que elevou ainda mais o preço do produto; e o aumento dos juros dos Estados Unidos, que atraiu para lá os petrodólares existentes.
Como resultado, o Brasil passou a pagar muito mais pelo dinheiro que precisava.
A dívida e a inflação continuavam subindo: 64 bilhões e 110%, em 1980. Em 1981, o modelo de milagre baseado no endividamento externo mostrou seu esgotamento: o Brasil deixou as taxas de 10% e cresceu apenas 4,3%.
O ano seguinte foi pior: 0,8%. E em 1983 aconteceu o desastre: o PIB encolheu 2,9%. Era o fim do milagre. A ditadura iria acompanhá-lo dois anos depois.