Arrocho e desemprego de negros foram maiores nos anos 90

As desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho da região tornaram-se maiores do final dos anos 80 aos anos 90. Mulheres negras e brancas e homens negros tiveram maiores dificuldades para conseguir emprego, ter salários justos e ficaram mais tempo desempregados.

As observações são da pesquisadora Nadya Araújo Guimarães, da USP, que apresentou estudo semana passada no seminário de Fortalecimento Institucional para Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e Promoção do Emprego, em Santo André.

Nesse período cresceu muito o número de mulheres e homens negros desempregados em relação aos brancos. Os salários também sempre foram menores na mesma comparação.

No caso dos homens negros, a escolaridade é o fator que mais distancia entre o salário recebido e o que é pago aos brancos. A discriminação racial também conta, mas a baixa formação é a principal responsável pela desvantagem salarial.

Dupla discriminação
A discriminação por sexo vem em primeiro lugar e é mais marcante no ABC devido às barreiras impostas para a inclusão feminina em algumas áreas produtivas. A indústria é um universo masculino, segundo a pesquisadora.

As mulheres negras, por outro lado, enfrentam adversidades que acabam por limitá-las às atividades mais precárias, como os serviços domésticos. A falta de escolarização, o preconceito racial e sexual compõem um quadro de fatores desfavoráveis.

Os números do IBGE para o ABC reforçam o estudo de Nadya. Por eles, um homem branco recebe em média R$ 7,16 por hora. A mulher branca R$ 5,69. Já o homem negro recebe R$ 3,45 (menos da metade do homem branco). A mulher negra está na pior situação, com R$ 2,78.