“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”

No dia 12 de agosto de 1983 a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, foi assassinada por dois pistoleiros em frente a sua casa.

Margarida Maria Alves foi a primeira mulher a ocupar a presidência de um sindicato naquele estado. À frente da entidade por doze anos, ela moveu mais de 600 ações trabalhistas contra usineiros e fazendeiros da região.

Sua luta era pelo respeito aos direitos como registro em carteira profissional, 13º salário, jornada de oito horas e férias.

Ela foi uma das fundadoras do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, que nasceu com o objetivo de construir um modelo de desenvolvimento rural e urbano sustentável, a partir do fortalecimento da agricultura familiar.

As ameaças contra Margarida aumentaram a partir do Plano Nacional de Reforma Agrária, junto com um aumento generalizado da violência no campo.

Considerada uma das principais lideranças femininas do País, sua vida significou estímulo de luta e motivação para a defesa dos direitos trabalhistas.

Margarida morreu como símbolo da luta pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores rurais.

Seu marido, Severino, disse que Margarida era uma mulher sem medo, que denunciava as injustiças.

Impunidade
O principal acusado pelo assassinato, o fazendeiro José Buarque Gusmão Neto, o Zito Buarque, foi absolvido pela Justiça de João Pessoa e o crime continua impune até hoje.

Sua luta inspirou as Marchas das Margaridas que reivindicam uma política de desenvolvimento atendendo às necessidades das mulheres. As marchas são organizadas pela Comissão Pastoral da Terra, CUT, Contag e MST.

As Marchas querem a reforma agrária, respeito ao meio ambiente, uso do solo e das águas, salário mínimo digno e direito à saúde pública com assistência integral à mulher

Força no campo
As mulheres representam 48% da população rural e são responsáveis pela produção de um terço dos alimentos básicos.

56% das mulheres começam a trabalhar antes dos 10 anos e apenas 15% têm carteira assinada.

A condição da mulher no meio rural é marcada pela exclusão social, discriminação e violência.