Greves: Governo não vai intervir

A greve nacional dos bancários entra hoje no 14º dia sem previsão de encerramento. Ontem, Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato em São Paulo, denunciou o comportamento patronal: “Os bancos estão entrando com ações na Justiça para impedir nossos atos. Isso é uma violação do direito de greve”.

A atitude dos banqueiros acontece após o presidente Lula ter declarado, na semana passada, que considera normal a paralisação dos bancários. O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, acrescentou que o governo não vai interferir em greves. “É uma relação privada. O governo acompanha, monitora, mas não tem o desejo de intervir”, afirmou.

Contrário
Esta posição é o inverso da assumida pelo governo FHC. Logo após sua posse, em 1995, o então presidente da República massacrou uma greve desencadeada pelos petroleiros que pedia, apenas, o cumprimento de acordo assinado no ano anterior.

Já para Berzoini, movimentos para pressionar os patrões por aumentos salariais são um sinal de melhoria do mercado. “O trabalhador se sente muito mais animado a reivindicar e a participar de sua entidade de classe quando há um cenário mais favorável”, disse.

Outros membros do primeiro escalão do governo têm a mesma opinião. “Os bancários têm carradas de razão”, defende Olívio Dutra, ministro das Cidades. Para o ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, greve é um procedimento normal. “O importante é não acirrar os conflitos a ponto de inviabilizar as negociações”.

Os bancários querem reajuste de 25% (reposição da inflação mais 17,68% de aumento real). Os bancos oferecerem 8,5% mais um adicional de R$ 30,00 para quem ganha até R$ 1.500,00.

Judiciário 
Os Servidores do Judiciário de São Paulo, em greve que completou 91 dias segunda-feira, iriam analisar ontem à tarde nova proposta do Tribunal de Justiça para encerrar o movimento. Ele oferece reposição média de 14%, sem punição a quem voltar “imediatamente” ao trabalho e compensação dos dias parados por meio de férias, licença-prêmio e outros créditos.

A greve parou a Justiça 100% em 16 cidades. Mais de 12 milhões de processos estão parados e cerca de 450 mil audiências não se realizaram. Levará mais de três anos para colocar a pauta em dia sem mutirões.