A imprensa e a eleição municipal
Nunca se viu tamanha manipulação de informações por parte de alguns setores da imprensa, visando prejudicar determinadas candidaturas e favorecer outras. É o que temos visto nessas eleições municipais.
No tempo da ditadura militar, os meios de comunicação sofriam demasiada interferência, num tempo em que a censura não permitia que a imprensa tratasse de determinados temas. Quando permitia, fiscalizava o que poderia ou não ser publicado. Mas, com a redemocratização do País, a censura caiu e veio a liberdade de imprensa. Ela foi fundamental na luta pelas eleições diretas para presidente, no impeachment de Collor e em outros momentos importantes da política nacional.
A grande imprensa, porém, sempre teve má vontade para com os governos do PT. Os atuais prefeitos de Diadema, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra são mais cobrados pelos meios de comunicação do que pela própria população.
Mas, o que está acontecendo com a prefeita Marta Suplicy ultrapassa os limites do bom senso. A imprensa é a favor de José Serra desde o primeiro turno. É só prestar a atenção nos noticiários de todos os dias. A atuação de Serra como ministro da Saúde é sempre destacada, enquanto a prefeita é condenada, muitas vezes, por situações criadas em mandatos anteriores (de Maluf e Pitta).
Os exemplos mais recentes vieram do jornal Folha de S. Paulo. Sua matéria de capa do último domingo fala sobre quem o paulistano acha que vai ganhar a eleição. O número é mais favorável ao candidato tucano que da própria pesquisa eleitoral do seu instituto (Datafolha).
A revista Veja desta semana, no seu encarte paulista (Vejinha), reproduz na capa uma avaliação negativa do governo Marta, mas o conteúdo da matéria comprova que seu governo fez muito mais do que se imagina. Porém, a visibilidade da capa fala mais alto.
Assim como fazem os jornais norte-americanos, os editoriais da nossa imprensa deveriam assumir um lado do jogo eleitoral. Seria mais honesto com os leitores (e eleitores) do que fazer o discurso da imparcialidade, mas utilizar seu produto para beneficiar um lado só.
Departamento Jurídico