História: Documentos podem mostrar a Guerrilha do Araguaia
O governo federal terá 120 dias para apresentar os documentos sobre a guerrilha do Araguaia, informar onde estão enterrados os corpos dos guerrilheiros e levá-los para os cemitérios mais próximos das famílias das vítimas.
Esta é a consequência da decisão da Justiça de Brasília, que rejeitou segunda-feira recurso do governo contra a decisão que determinava a abertura dos arquivos sobre o movimento, que durou de 1972 a 1975.
O presidente Lula não vai recorrer do processo, que começou em 1982, movido por 22 parentes dos guerrilheiros. Eles reivindicavam que o Exército apresentasse documentos para que pudessem obter os atestados de óbitos, já que nunca mais foi encontrado algum dos participantes do movimento.
A guerrilha foi uma ação armada organizada pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil) que lutou contra a ditadura militar na divisa de Tocantins (na época, Goiás), Pará e Maranhão, na bacia do Rio Araguaia.
Massacre
Os militantes chegaram na região em 1966, mas os primeiros confrontos ocorreram só em 1972. Desde 1971 o Exército sabia da existência dos guerrilheiros no Araguaia, mas começou a reprimir o movimento só no ano seguinte.
Esse primeiro ataque e o seguinte fracassaram. Humilhado, o Exército armou uma enorme operação enviando milhares de soldados, helicópteros e armas pesadas para a região. Os guerrilheiros foram massacrados. A partir de 1975, ninguém mais os viu.
Até hoje não se sabe ao certo o número de militantes do PCdoB que tomaram parte do movimento. Calcula-se que esteja em torno de 80. Segundo testemunhos, a maioria dos guerrilheiros foi torturada antes de ser assassinada e seus corpos foram escondidos numa “operação limpeza” feita por militares em 1975.
O Ministério da Justiça estima que pelo menos 61 guerrilheiros e 16 soldados morreram nas operações.