Mercedes-Benz: CUT cobra responsabilidade social
Luiz Marinho, presidente da CUT, e Valter Sanches, representante brasileiro no Comitê Mundial dos Trabalhadores na Mercedes-Benz, cobraram ontem uma solução da montadora para manter o emprego dos 1.100 trabalhadores diretos e os 300 companheiros de terceiras na fábrica Juiz de Fora, Minas Gerais.
A montadora anunciou o cancelamento da produção do Smart na cidade.
Ele cobraram a responsabilidade social da MBB porque ela recebeu inúmeras vantagens do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito da cidade para abrir a fábrica, usando a guerra fiscal. Agora seria o momento da contra-partida pelos favores recebidos.
De supetão
Até a semana passada a Mercedes dizia que a produção do Classe A em Juiz de Fora seria substituída pela linha Smart e os empregos estavam garantidos.
Na última sexta-feira, porém, a direção mundial da empresa avisou que o projeto foi cancelado em todo o mundo. Cerca de 700 demissões já foram anunciadas na França e na Alemanha.
A decisão afeta também os metalúrgicos de São Bernardo, já que 160 companheiros trabalham na fabricação de eixos e peças estampadas para Juiz de Fora.
Após uma série de assembléias internas o pessoal em SBC decidiu ficar alerta para prestar todo o tipo de solidariedade aos companheiros de Juiz de Fora. As assembléias aprovaram inclusive a realização de paralisações.
Os trabalhadores pediram também a intervenção do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Mercedes-Benz.
Já os metalúrgicos de Juiz de Fora realizarão manifestações a partir de amanhã em atos que pretendem envolver toda a cidade nesta luta.
As vantagens que a MBB recebeu
Além dos incentivos do Regime Automotriz Brasileiro, de 1995, (redução de 50% no imposto de importação de veículos e redução de 90% no mesmo imposto para máquinas, equipamentos e autopeças), o governo de Minas deflagrou uma verdadeira “guerra fiscal”, abrindo mão da cobrança de impostos e dando outros incentivos.
A MBB recebeu terreno de 2,6 milhões de metros cuja infraestrutura (ferroviária, rodoviária e gás) custou R$ 60 milhões e teve as obras finalizadas no prazo recorde de 150 dias.
Levou ainda isenção de impostos estaduais e municipais por 10 anos; empréstimos de R$ 540 milhões do BNDES e R$ 240 milhões do fundo estadual mineiro para construção da fábrica, com carência de três anos e juros de apenas 3,5% ao ano.