O estouro da boiada
Brasília passa por turbulências políticas. A questão que fica é de que forma a economia brasileira pode ser atingida.
A economia é movida não apenas por fatores objetivos (números). Há também um forte componente de subjetividade nas decisões. É o campo das expectativas.
Mesmo que equivocadas tecnicamente, determinadas opiniões (apostas) podem influenciar em muito o conjunto dos demais agentes econômicos. É algo semelhante ao estouro de uma boiada. Basta que um boi saia em disparada para que todos os demais sigam ele, não se sabe bem porque, mesmo que a direção seja o barranco ali na frente.
A subjetividade da economia pode afetar a economia não tanto porque o dólar vai subir ou o risco-Brasil aumentar. Isto é conjuntural, sujeito às oscilações para cima e para baixo. A variável que parece mais importante neste momento refere-se às decisões de investimento. Falamos aqui do investimento produtivo, aquele que efetivamente gera riqueza, isto é, produção e emprego. O investimento na ampliação da empresa, na compra de novos equipamentos, na contratação de novos trabalhadores.
Neste sentido, a preocupação é que a crise política pode frear ou retardar uma série de decisões que poderiam contribuir para o crescimento econômico do Brasil. Mas, em um cenário de aumento da incerteza – e acrescente-se a isto o aumento dos juros e a valorização do Real – o melhor é esperar, para ver o que vai acontecer.
Disso decorre uma decisão conservadora: enquanto se espera, o melhor é aplicar o dinheiro em títulos da dívida pública, que rende em termos reais nada menos do que 13% ao ano.
Quando um investidor produtivo pensa assim, outros começam a pensar também, e depois outro, e outro… E está instalada a crise econômica.
Portanto, o melhor é que a crise política seja rapidamente resolvida. Aí, sim, devemos enveredar por mudanças na atual estrutura em que está assentada a atual política econômica.
Subseções DIEESE CUT Nacional e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC