Luta operária e regulação de direitos
Temos abordado, nos últimos artigos, a história da resistência operária às formas de dominação e
controle impostas pelo capital na fábrica, ao longo da história recente dos
países industrializados.
Demos ênfase à história dos países europeus e dos Estados Unidos. Deve ter
ficado para o leitor a pergunta: e como foi esta história no Brasil?
O processo de industrialização no País ocorreu de forma lenta, a partir do
final do século XIX, com base na produção de bens de consumo não duráveis.
Foi também um movimento disperso até 1930, localizando-se nas cidades mais
importantes como Rio de Janeiro e São Paulo.
Esse processo deu origem a uma classe operária heterogênea, formada em sua
maior parte por imigrantes ou descendentes de imigrantes europeus.
Eles trouxeram na bagagem uma forte tradição de organização e de luta
sindical. Apesar das dificuldades enfrentadas nas primeiras décadas do século
passado, criaram entidades sindicais combativas, organizaram lutas importantes
contra a exploração do trabalho fabril.
Em 1917, a título de exemplo, pararam a cidade de São Paulo com uma greve
geral.
As mobilizações e reivindicações operárias sempre foram encaradas pelo
governo como “caso de polícia”, sendo alvo de violenta repressão.
Na década de 30, no entanto, a sociedade brasileira passou por mudanças
políticas e econômicas profundas. O novo bloco das classes dominantes no poder
promoveu um novo surto de industrialização, com base na política de substituição
de importações.
Na década seguinte, o governo Vargas promoveu um engenhoso sistema de
controle da classe operária, atrelando os sindicatos ao aparelho do Estado e
concedendo a um segmento dos trabalhadores urbanos direitos trabalhistas e
corporativos.
Através dessa “cidadania outorgada e regulada” preparou o terreno para um
processo mais profundo de industrialização e de acumulação de capital que se
desenvolveriam no Brasil nas décadas seguintes.
Departamento de Formação