O significado político da educação popular
Quando se refere à educação popular no meio sindical ou em qualquer outro espaço educacional no Brasil, o primeiro nome lembrado é o de Paulo Freire.
Conhecido internacionalmente pelas obras e pelas experiências revolucionárias de educação, o mestre brasileiro continua sendo a principal referência da educação popular.
Muita coisa aconteceu nesse campo, desde que Paulo Freire desenvolveu, nos anos 60, as primeiras experiências de alfabetização de adultos.
Durante os anos 70/80, os lugares sociais em que a educação popular se desenvolve são os movimentos populares de resistência e contestação aos governos militares.
Diferenciando-se da educação dos anos 60, efetuada nos movimentos de alfabetização e cultura popular, e realizada através do Estado, a educação popular do período posterior nasceu vinculada às experiências e práticas de rebeldia e de resistência de grupos e setores das classes populares do campo e da cidade.
Nesse sentido, ressurge como uma prática pedagógica a serviço dos objetivos políticos das classes populares e alternativa em relação às demais formas instituídas de educação.
Nasce como alternativa porque as condições políticas da época faziam dos espaços oficiais e institucionais de educação um lugar privilegiado de reprodução da ideologia dos governantes e do próprio regime ditatorial. Não se negava a escola pública em si, mas sim a escola pública autoritária e excludente criada e mantida pelos governos autoritários.
Neste contexto histórico, a educação popular assume um significado político singular. Primeiro, deixa de ser apenas uma forma avançada de educação do povo e se torna um movimento pedagógico.
Torna-se, em seguida, um movimento popular que incorpora um movimento pedagógico. Transforma-se, assim, numa nova proposta política de educação de adultos.
Departamento de Formação