Grande Imprensa: Pouco jornalismo e muita ficção

Os jornais, rádios, tevês e os boletins de internete, com poucas exceções, distorcem fatos e fazem matérias tendenciosas na cobertura das denúncias de propina nos Correios e pagamento de mensalão.

A revista Veja já escorregou várias vezes, entre elas ao inventar a pesquisa sobre a opinião da população sobre corrupção e Lula.

Mesmo cobrada, Veja não divulgou publicamente a pesquisa, como manda a lei para checar a veracidade dos números.

Na TV Record, da Igreja Universal, o apresentador Boris Casoy forçou a barra e brigou com os fatos ao defender o bispo flagrado com R$ 10 milhões nas malas.

Já o Jornal Nacional da TV Globo foi mais que irresponsável ao engolir um extravagante cruzamento entre a lista de pessoas que entraram num shopping onde tem agência bancária em dia de grandes saques e a lista dos assessores dos deputados federais.

Esse cruzamento foi feito pelo líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, membro da CPI dos Correios. A conclusão dele é que tinha deputado pegando dinheiro do mensalão.

O Jornal Nacional simplesmente não checou as informações e, nos dias seguintes, nem sequer desmentiu ou pediu desculpas.

“Foi uma das maiores monstruosidades que já vi desde que cheguei em Brasília em 1987”, comentou o jornalista  Ilimar Franco. “Foi o que se chama de barriga”, disse o jornalista Alberto Dines, do Observatório da Impresa. Barriga, no jargão  jornalístico, é quando um veículo dá uma informação errada.

Os outros vêem

O comportamento da imprensa brasileira tem rendido matérias nos principais jornais do mundo.

Para o Financial Times, “ao não investigar as acusações, os repórteres acabam alimentando o delírio e amplificando as alegações, em vez de tentar investigar a seriedade da mesma”.

O jornal da Inglaterra diz que a mídia brasileira ainda não descobriu como reportar acusações de corrupção sem assumir que todos os acusados são necessariamente culpados.

Vicentinho processa deputado e TV

O comportamento do líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia, pode lhe render a cassação do mandato. Já foi protocolada na Mesa Diretora da Câmara quatro representações contra ele com pedido de cassação por abuso da imunidade.

O deputado Vicentinho (PT) divulgou nota oficial negando que seu assessor Jair dos Santos seja uma das pessoas relacionadas por Maia.

A nota diz que o assessor de Vicentinho é trabalhador rural no interior de São Paulo e nunca foi à Brasília.

O deputado está interpelando a Rede Globo e o Correio Brasiliense, que publicaram a matéria sem que ele tenha sido consultado. Ele também está apresentando representação contra Rodrigo Maia por quebra de decoro parlamentar.

Sem provas

O mesmo aconteceu com o deputado Devanir Ribeiro (PT). Uma de suas assessoras citadas na lista nunca foi à Brasília.

Devanir confirmou que é um homônimo (nome igual), mostrando documento de identidade com número diferente do divulgado pelo deputado do PFL.

Este também foi o caso do assessor de Vicentinho.