Quatro perguntas a Márcio Pochmann
Economista e professor da Unicamp, o ex-secretário de Trabalho da Prefeitura de São Paulo fala de redução da jornada e campanha salarial
Qual o caminho para a redução da jornada?
É pela produtividade alcançada pelas empresas. A jornada de 44 horas entrou na Constituição de 88 após as lutas do movimento sindical na transição da ditadura para a democracia. De lá pra cá houve ganhos de produtividade que não foram repassados para os salários nem para o tempo de trabalho.
A jornada menor poderia ser compensada na produtividade?
Há espaço para discutir o que fazer com os ganhos de produtividade porque seus produtores não foram beneficiados com elevação do salário ou redução da jornada.
Para os empresários a redução aumenta os custos. É verdade?
Jornada reduzida com manutenção de salários eleva custos. Mas temos que considerar a dinâmica da economia. Haverá mais emprego e, com isso, mais renda, maior consumo, maior arrecadação de impostos. Tudo isso pressionará as empresas a aumentarem o investimento, o que amplia a produtividade. Assim, os custos maiores diminuem com o tempo.
O que se pode esperar das campanhas salariais no segundo semestre?
Temos de considerar o reajuste do salário mínimo com aumento real e a correção da tabela do Imposto de Renda que trouxe mais dinheiro ao trabalhador. Esses dois elementos já apresentam impacto positivo na atividade econômica.
Então há espaço para os trabalhadores fazerem a diferença esse ano, como fizeram no ano passado, e conquistar a elevação de remuneração nas campanhas salariais.