Referendo: Não vence com vantagem
O povo brasileiro perdeu a oportunidade de dar um importante passo para aumentar a segurança e começar a desarmar o País. “Respeitamos o resultado do referendo. Mas o Sindicato lamenta o fato dos brasileiros continuarem a presenciar mortes fúteis, como a do garoto baleado em sala de aula na semana passada”, disse Sergio Nobre, secretário de Organização do Sindicato.
Com a vitória do não, fica mantido o comércio de armas e munição no País. Mas o estatuto tem normas rigorosas para a concessão do direito à posse de arma e ainda mais duras para o porte, que continuam valendo.
O não venceu em todos os Estados por larga margem. A maior ocorreu no Rio Grande do Sul, com 86,82% dos gaúchos favoráveis à venda de armas. O Estado de Pernambuco tem o maior percentual de votos no sim: 45,47%.
Além do referendo, ontem foi o último dia da campanha do desarmamento. Levantamento do Ministério da Justiça informou que, até o início do dia, 464 mil armas tinham sido entregues pela população.
Diadema vota pela vida
Diadema foi a única entre as 39 cidades da Grande São Paulo em que o sim ganhou. Obteve 112.714 votos (50,22%), enquanto o não registrou 111.713 (49,78%).
Desde 1999, uma série de medidas contribuíram para que a cidade deixasse de ser campeã de homicídios no Brasil. Entre as principais decisões está a proibição do funcionamento de bares depois das 23 horas.
Para o prefeito José de Filippi (PT), com a vitória do não, a população perde uma chance de dar um passo concreto na luta contra a violência. “O desarmamento é uma parte importante da política de nossa cidade. Recolhemos 1.600 armas voluntariamente para a Polícia Federal e temos uma campanha de desarmamento infantil que está no quinto ano”, disse.
De acordo com levantamentos da Secretaria de Defesa Social de Diadema, os homicídios caíram 76% na cidade, comparando os meses de janeiro a outubro de 1999 e o mesmo período em 2005.
“Não existe plano de segurança baseado em uma só medida, mas, com o não, a população deixa de avançar”, disse Filippi.