MOVA-ABC faz 10 anos: Das fábricas para a comunidade
Há dez anos, começava uma parceria vitoriosa entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Prefeitura de Diadema para levar lousa, lápis e caderno para o meio das máquinas. Era o início do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos do ABC – MOVA. Pouco tempo depois, a iniciativa se estendeu por todo o ABC. O resultado foi a alfabetização de 93 mil pessoas.
Tudo começou no chão da fábrica
Há dez anos, em Diadema, os trabalhadores se transformavam nos primeiros alunos do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos do ABC – MOVA-ABC.
Um grande diálogo entre comunidade, poder público e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC levou lousa, lápis e caderno para o meio das máquinas. E o que começou como uma iniciativa localizada acabou se alastrando pelo ABC todo. Mais de 77 mil pessoas foram alfabetizadas de lá pra cá e incluídas no mundo das letras pelas idéias de Paulo Freire, educador que desenvolveu o melhor método já conhecido de educação de adultos.
Cruel estatística
Quando o MOVA-ABC inaugurava suas primeiras turmas, as estatísticas eram pouco animadoras. Dados do IBGE mostravam que cerca de 280 mil pessoas estavam privadas do direito à leitura na região.
O primeiro coordenador do MOVA-ABC, o ex-diretor do Sindicato e hoje vice-prefeito de Diadema, Joel Fonseca, lembra que sem a mobilização popular, jamais a alfabetização seria levada aos cantos mais escondidos da periferia.
Assim, todo lugar passou a ser lugar de escola. Igrejas, comércio, unidades básicas de saúde, garagens particulares, construções inacabadas, cadeias e casas de recuperação terapêuticas. Até mesa de sinuca em boteco servia de espaço.
Diversidade
Havia também turmas específicas para lidar com as diferenças. Salas que atendiam portadores de deficiência mental, surdos e mudos, prostitutas e travestis.
Todos os educadores eram voluntários. E esses professores iam de casa em casa, convidando os moradores a participarem das aulas.
Apoio
“Só conseguimos êxito por causa do apoio maciço da comunidade, porque pessoas se dedicaram a levar a escola até o aluno. Quem perdeu a chance de estudar quando jovem tem muita resistência em voltar, e a gente precisava quebrar essa barreira”, explica Joel.
(colaboração de Illenia Negrin).
Os números do atraso social
Cerca de 15,2 milhões de brasileiros são analfabetos.
Somados aos analfabetos chamados funcionais (que têm algum conhecimento, mas não dominam a escrita e a leitura) esse número passa dos 31 milhões.
No ABC são mais de 90 mil pessoas – sem contar os funcionais – pelos dados do IBGE.