Segregados
O Brasil é um país de contrastes: ao mesmo tempo em que se destaca como referência internacional no tratamento da Aids, mantém ainda fortes preconceitos, especialmente no ambiente de trabalho. É o que demonstra um relatório do Ministério do Trabalho, elaborado com base nos registros dos núcleos de promoção da igualdade de oportunidades e combate à discriminação no emprego e na ocupação das Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs).
No ano passado, o total de notificações de discriminação às DRTs foi de 15.364 e incluiu, além dos casos de portadores de HIV (0,3%), preconceito com relação a portadores de necessidades especiais (89,9%), assédio moral (3%) e estado de saúde (1,6%).
Segundo o Ministério do Trabalho, os números absolutos ainda são inexpressivos e expõem a falta de informação dos brasileiros. Isto se deve ao fato de que os trabalhadores, em geral, desconhecem a existência de meios para denunciar casos de discriminação e preconceito.
A negação da cidadania
Emprego digno e realização profissional são o objetivo de muitas pessoas com deficiência qualificadas para o trabalho. Vencida a barreira da seleção e mesmo que demonstrem capacidade no desempenho profissional, nem sempre encontram um ambiente isento de discriminação.
O fato indica que não estamos preparados culturalmente para conviver com as diferenças.
A estimativa do Ministério da Saúde é que haja no país 600 mil pessoas infectadas pelo vírus HIV. Cerca de 550 mil, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), estão empregadas. Muitas desconhecem ter a doença e poucas contam ao empregador que são soropositivas, com receio de serem discriminadas.
Superar o preconceito, nestes casos, continua sendo o primeiro passo na longa estrada que temos pela frente na construção da cidadania.
Departamento de Formação