Combate à AIDS: Sem dinheiro, não há prevenção
A saída para lutar contra a Aids é fortalecer os programas de prevenção e de tratamento contra a contaminação pelo vírus HIV, responsável pela transmissão da doença. A conclusão está em documento divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para lembrar o Dia Mundial de Combate à Aids, que acontece hoje em todo o mundo.
O estudo denuncia que os principais inimigos dos esforços da prevenção são, como sempre, a falta de recursos, a pouca informação e, até, a ignorância.
Para combater estes males em todo o mundo seriam necessários pelo menos R$ 20 bilhões em 2006 e R$ 22 bilhões em 2007. No entanto, os investimentos estimados no combate a Aids são milhares de vezes inferiores, nem sempre cumpridos e devem atingir apenas um milhão de infectados.
O resultado deste desleixo é assustador. Há hoje no mundo 40 milhões de pessoas vivendo com o HIV, o que representa um crescimento de cinco milhões em relação ao ano passado. A estimativa de mortes em 2005 como consequência da contaminação é de 3 milhões. Metade destas mortes será de crianças.
Mulheres e crianças
Hoje a Aids ataca em todo o mundo, mas continua fazendo maior número de vítimas entre os países mais pobres.
A África prossegue como o principal foco, concentrando cerca de 26 milhões de infectados – 60% do total no mundo.
Em seguida estão sul e sudeste da Ásia e leste da Europa, onde a incidência é 25 vezes maior hoje do que era em 1995 e continua aumentando com muita rapidez.
Desde 1981, a Aids já matou 25 milhões de pessoas, o que torna a epidemia uma das maiores já registradas na história da humanidade.
Brasil é citado como exemplo
Para a OMS, o Brasil é exemplo no acesso a remédios para soropositivos (pessoas contaminadas pelo HIV). Hoje, 170 mil brasileiros recebem o medicamento, entre as mais de 600 mil pessoas contaminadas no País.
Mas a OMS alerta que a doença está espalhada por todo o território e destaca que ela aumenta mais entre as mulheres pobres.
O que mais assusta a instituição, no entanto, é o pequeno número de jovens que sabe encarar o problema. De acordo com o estudo, apenas 62% deles conhece como o vírus é transmitido.
Jovem consciente
Outro ponto positivo no combate ao HIV no Brasil é o aumento do número de jovens que usam preservativos – de 10%, em 1986, para 60%, em 2003. Outro destaque é a queda entre os consumidores de drogas injetáveis.
Por outro lado, tem crescido a contaminação pelo vírus HIV entre a população negra. “Verificamos o aumento e estamos buscando mecanismos de ampliar o acesso dessa população ao diagnóstico mais precoce, à informação, à prevenção e ao tratamento”, afirma o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer. Ele acredita que o problema aconteça porque a população negra tem menor acesso aos serviços de saúde. “Isto é um fato e nós temos que assumir essa responsabilidade”, concluiu Chequer.
Os números da epidemia
. 40 milhões pessoas tem HIV no mundo
. 3 milhões devem morrer pelo vírus em 2005
. 25 milhões já morreram desde 1981
. 600 mil são os contaminados no Brasil
. 170 mil brasileiros recebem a medicação