Ofensiva das elites: Nossa resposta a uma crise fabricada

O Brasil atravessou em 2005 uma crise política causada pela rejeição da elite conservadora ao projeto de mudanças que levou Lula à Presidência da República. O 4º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, em 2003, já alertava para as dificuldades e obstáculos que os trabalhadores enfrentariam para conduzir o plano de distribuição de renda e combate à pobreza que levou um trabalhador de esquerda ao poder maior do País.

Como lembrou a filósofa Marilena Chaui em palestra no 5º Congresso, menos de três anos após a posse, não aconteceu o caos político, econômico e administrativo previsto pela direita com  o governo de um trabalhador. Ao contrário, os índices de popularidade de Lula eram cada vez maiores e a participação popular crescia, fazendo com quem nunca participou das decisões tomassem parte nos destinos do País.

Para aumentar o desespero dos conservadores, a economia cresceu, empregos foram  criados e a política externa brasileira deixou de obedecer as ordens dos Estados Unidos. Eles não podiam aceitar essa situação que tirava as vantagens que acumularam em 500 anos.

A imprensa manipuladora

Desesperada, a elite se aliou aos meios de comunicação e, juntos, passaram a mover uma ação golpista contra o governo federal. Da adulação e dos elogios falsos pulou-se para o desrespeito, chantagens e insultos inaceitáveis, a velha direita de ACM e Bornahusen retomou a iniciativa política e submeteu o governo Lula a um cerco.

O noticiário da imprensa ficou distorcido e manipulador. Reputações foram destruídas em manchetes principais, enquanto os desmentidos, quando publicados, se escondiam em pequenas notas

O ministro Ciro Gomes confirmou durante palestra no Sindicato as previsões do nosso Congresso anterior.

Isto é, as mudanças promovidas pelo governo Lula eram inaceitáveis para uma elite que estava há cinco séculos no poder e que não podia aceitar o sucesso de um governo comandado por um trabalhador, que promovia a distribuição de renda e a participação popular.

Elite volta os canhões contra nós

A ofensiva das elites não ficou só nos jornais e tevês. Lideranças sindicais, do campo e populares foram reprimidas e até assassinadas sem que os meios de comunicação dessem o destaque merecido.

No Rio Grande do Sul, a Brigada Militar estrangulou um dirigente sindical do ramo de calçados. No Nordeste, três lideranças rurais foram executadas em menos de 48 horas em lugares diferentes.

Em Minas Gerais, Aécio Neves posa como liderança tucana flexível, mas aciona a PM com a mesma truculência na reintegração de um dirigente sindical durante a campanha salarial dos metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, resultando em um grave atentado a bala contra outra liderança cutista.

A Polícia Militar de Geraldo Alckmin, do PSDB, agrediu trabalhadores em Sorocaba e Taubaté e interveio com truculência tentando reprimir a vitoriosa mobilização grevista dos bancários, em São Paulo.

Até na base dos metalúrgicos do ABC a polícia de Alckmin atuou com uma violência que não se via há tempos.

Retomada

A organização dos trabalhadores na base foi atacada com a demissão do diretor  Luis Sérgio Batista de Oliveira, o Pica-Pau, na B.Grob – que após um acampamento conseguiu voltar à fábrica –  e a demissão de cipeira na Brasmeck, que também retomou seu posto de trabalho após intensa mobilização dos trabalhadores.

Por isso, a tarefa dos trabalhadores nas eleições de 2006 ganha importância. E o ano termina com a boa notícia da prisão dos assassinos da missionária Dorothy Stang e a denúncia de que os verdadeiros mandatários do crime foram os fazendeiros da região.
 
Retomada da ofensiva

Mais uma vez, os metalúrgicos do ABC iniciaram o movimento em defesa do projeto popular de governo e contra o golpe das  elites. Um grande ato em São Bern