Evo Morales assume Bolívia
O novo presidente boliviano adota um forte discurso contra o neoliberalismo.
Com lágrimas nos olhos, o líder popular Evo Morales, do partido de esquerda MAS (Movimento ao Socialismo), assumiu domingo a Presidência da Bolíva adotando um forte discurso contra o neoliberalismo.
“Pediram-me para acabar com o radicalismo sindical, mas temos que acabar é com o radicalismo neoliberal”, afirmou emocionado. “Na Bolívia, o modelo neoliberal não continuará”, completou.
Depois, Morales pediu um minuto de silêncio em memória de líderes indígenas e da esquerda latino-americana, como Ernesto “Che” Guevara, assassinado no país.
Apoio
O próprio Morales será o primeiro indígena a liderar a Bolívia, país com cerca de 80% dos habitantes também indígenas ou mestiços e que constituem a camada mais pobre da população. Ele toma posse com mais de 70% de aprovação, após liderar várias marchas de protesto e bloqueios de estrada em defesa de interesses populares.
Milhares de pessoas participaram da cerimônia, que teve a presença de missões diplomáticas de todos os continentes além de dez chefes de governo da América Latina, incluindo os presidentes Lula; Néstor Kirchner, da Argentina; e Hugo Chávez, da Venezuela. Junto com eles, Morales faz parte do grupo de líderes progressistas eleitos recentemente no continente, que inclui ainda o presidente do Uruguai.
Século 21
O novo presidente boliviano agradeceu especialmente a Lula, por tê-lo orientado, e a Chávez, por sua ajuda. Em resposta, Lula afirmou que todos os presidentes da América Latina têm obrigação de ajudar a Bolívia. “Agora é nossa vez. O século 21 será da América Latina. O povo tem que acreditar nisso”, destacou.
No sábado, Evo Morales realizou uma simbólica “posse andina”, quando participou de uma cerimônia aimará (sua nação indígena), realizada segundo rituais anteriores a chegada dos Europeus nas Américas, que aconteceu no final do século 15.
Lula compara vitória com o Chile
O presidente Lula aproveitou para comparar a eleição de Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, com a vitória nas urnas de Michelle Bachelet, do Partido Socialista, eleita a primeira presidente mulher do Chile.
“As duas vitórias são extremamente importantes”, disse.
“A presidente do Chile tem uma história na luta da esquerda contra o autoritarismo. Significa o povo chileno colocando no lugar do presidente alguém que foi vítima da repressão”, afirmou Lula.