8 de março: Mulheres em movimento mudam o mundo

Igualdade. Este é o valor que guia a luta das mulheres por um mundo melhor

Marcha apresenta reivindicações

A descriminalização do aborto, o fim do machismo e da opressão e a igualdade entre homens e mulheres são algumas das bandeiras da marcha que acontece hoje na Avenida Paulista em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Um dos objetivos da manifestação é denunciar que a violência contra as mulheres é um dos pilares de uma sociedade capitalista neoliberal, baseada na exploração do trabalho.

O manifesto das mulheres denuncia que “cada vez mais, nossos corpos, vidas, direitos e desejos são tratados como mercadorias”.

Para as 80 entidades que organizam a marcha, o machismo não é apenas uma herança do passado, mas uma peça central na engrenagem da exclusão no mundo de hoje.

“Queremos justiça social, reforma agrária e urbana, e distribuição de renda através de políticas reais como a valorização do salário mínimo”, diz o documento.

As entidades participantes da marcha exigem que se cumpram os direitos de todas as mulheres, exigem soberania e democracia, valorização do trabalho das mulheres e de seu papel como sujeito político.

Para Michele da Silva, coordenadora da Comissão de Gênero do nosso Sindicato, o preconceito e a discriminação só acabar se as mulheres continuarem a demonstrar sua capacidade de luta.

O papel da mulher no mundo globalizado

Debate realizado pelo Sindicato para marcar o Dia Internacional da Mulher mostrou os vários papéis que as mulheres assumem na globalização neoliberal

Letícia Massula, da ONG Agende, relatou suas experiências nas casas abrigo às mulheres vítimas de violência na nossa região, ressaltando a importância do Sindicato estar nessa luta.

Dulce Xavier, da Pastoral Operária, mostrou que a mulher ganha importância no mundo do trabalho, apesar da discriminação que baixa salários e muitas vezes impede seu acesso a cargos de chefia.

Neusa Borges, do Departamento Cultural de São Bernardo, apontou o duplo preconceito vivido pela mulher negra na sociedade brasileira.

O debate foi realizado sexta-feira, no Centro de Formação Celso Daniel.

Pelo fim da impunidade da violência contra a mulher

Vigílias e atos realizados ontem em 16 Estados pediram a aprovação do projeto de lei 4.559, que determina medidas de proteção à mulher vítima de violência e aos filhos.

O projeto é bastante abrangente, com medidas preventivas, assistenciais, punitivas e educativas. Ele também prevê detenção de três anos e três meses para os crimes de violência doméstica.

Pelo projeto, serão criados juizados e varas especializadas para tratar da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Cai diferença salarial entre homens e mulheres

Se no início dos anos 90 os homens ganhavam até 50% a mais que as mulheres, hoje a diferença salarial se aproxima dos 30%.

Essa é a boa notícia de estudo realizado pela Unifem – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.

A má notícia é que, apesar do salário menor, as mulheres estudam mais e até conciliam diferentes tarefas, seja no trabalho ou sem casa.

Júnia Puglia, uma das coordenadoras desse estudo, disse que embora tenha havido uma evolução salarial importante, a disparidade mostra que as mulheres enfrentam dificuldades para vencer vários obstáculos no mercado de trabalho.

Ela disse que a Constituição de 1988 permitiu um avanço na direção dos direitos das mulheres, além de uma evolução da mulher no papel de chefe e de sua participação no mundo político.

Para Júnia, o panorama político do Brasil não incentiva a população a votar em mulheres, que ocupam menos de 10% das vagas do Congresso Nacional.

Esses dados estão no livro O progresso das mulheres no Brasil e podem ser consultados através do endereço www.mulheresnobrasil.