Aumento real visa a distribuir renda, diz Marinho

Distribuir renda para fazer a economia crescer. Esse raciocínio norteou a negociação entre governo e centrais sindicais e que resultou no acordo de reajuste dos aposentados e pensionistas, o primeiro com aumento real desde 1997. Veja os trechos da entrevista sobre o acordo que o ministro do Trabalho Luiz Marinho concedeu à Tribuna.

O que levou o governo a negociar com aposentados de forma semelhante à negociação do salário mínimo?

Ainda na presidência da CUT já propunha esse tipo de negociação. Chegando no governo levei essa preocupação e o presidente Lula decidiu que travássemos com as centrais sindicais o processo de negociação do salário mínimo e, na sequência, do reajuste dos aposentados. Eles reivindicavam isso há muito tempo e os  governos anteriores nunca os atenderam.

E o que significou este reajuste?

Na verdade é um investimento por que colocará cerca de R$ 1,2 bilhão na economia.

A data-base foi antecipada neste ano e no ano que vem. Essas antecipações vão continuar nos próximos anos?

É uma análise que vamos fazer na comissão quadripartite do salário mínimo, de trazer o reajuste para janeiro. Você discute o orçamento da União no final do ano. Então, porque discutir o reajuste do mínimo e dos aposentados  só em maio do ano seguinte se o orçamento está em execução desde janeiro?

O governo saiu satisfeito com esse acordo?

Me parece um bom acordo do ponto de vista dos aposentados e pensionistas. Para uma inflação que deve ficar em 3,2%, um acordo de 5% me parece bastante razoável. Evidente que o segmento deseja uma recuperação maior, mas temos de olhar para o tempo. Não dá para fazer tudo de uma vez. Muitas mazelas foram cometidas contra aposentados nos últimos 20 anos e não dá pra corrigir isso em 4 anos.

Tem uma novidade neste acordo que vai além de reivindicações econômicas. É sobre o Estatuto do Idoso….

Além de resolver o reajuste tomamos várias outras decisões. Uma delas foi a antecipação de metade do 13º salário e um conjunto de medidas para melhorar a vida dos aposentados como a volta dos bancos gratuitos nos ônibus interestaduais e mais 50% de desconto nas passagens destes ônibus, já que o benefício está suspenso por uma liminar. Montamos também uma comissão de negociação permanente para valorizar o aposentado, nos mesmos moldes do salário mínimo.

Outro benefício é em relação a medicamentos. As entidades de aposentados poderão fazer convênio com Ministério da Saúde para ter uma farmácia popular. Tem também o programa das prateleiras populares, lançando há poucos dias. Qualquer farmácia poderá aderir ao programa e oferecer remédios com 90% de desconto para duas patologias comuns aos idosos, que são hipertensão e diabetes. São remédios caros. Uma caixinha de insulina custa R$ 132,00 e a farmácia conveniada poderá vendê-la a R$ 13,00. O restante será subsidiado pelo Ministério da Saúde. Qualquer farmácia pode fazer a adesão ao programa. Os aposentados devem cobrar que a farmácia no seu bairro faça a adesão ao programa.

A imprensa tratou o acordo como um pacote de bondades, insinuando um caráter eleitoreiro. Qual sua sensação sobre isso?

A imprensa insinua que qualquer medida do governo que beneficia a população é eleitoreira. O que temos feito é cumprir os compromissos do presidente Lula, de trabalhar para melhorar a distribuição de renda no País. O aumento dos aposentados, do salário mínimo, do seguro desemprego, só pra ficar em três exemplos recentes, são investimentos para a distribuição de renda, para a geração de emprego. São recursos que entram na economia, provocam aumento das vendas e da produção, e que ajudam a sustentar o crescimento da economia.

Antes, se pregava a necessidade de fazer o bolo crescer para distribuir, o que nunca aconteceu. Agora, a nossa palavra de ordem é dist