Gás Boliviano: Abastecimento garantido, mas o preço não
A Bolívia não deve reduzir a exportação de gás para o Brasil, afirmou ontem o presidente Lula, após reunião com o presidente boliviano Evo Morales e outros dois chefes de Estado: Néstor Kirchner, da Argentina, e Hugo Chávez, da Venezuela. Já o preço do gás, segundo ele, será discutido da forma mais democrática possível entre as partes envolvidas. “As pendências nós iremos discutir bilateralmente entre o governo da Bolívia e do Brasil”, afirmou Lula, em entrevista coletiva após o encontro, em Puerto Iguazú, parte argentina da Tríplice Fronteira.
O presidente brasileiro disse que o encontro, serviu para demonstrar que é assim que se faz negociação entre duas nações. “Pressupõem que apresentemos ao mundo um bom entendimento, um bom diálogo, e que passemos aos investidores estrangeiros em cada país a certeza de que nós não queremos continuar sendo um continente eternamente pobre”, ressaltou.
Desta forma, fica descarterizada uma crise entre os dois países. O que ocorre, na verdade, é que o Brasil errou quando o governo FHC submeteu o Brasil à dependência quase exclusiva do gás boliviano.
Lula diz que Brasil errou no passado ao criar dependência
Na véspera do encontro que manteve com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, para discutir as consequências da nacionalização do petróleo pela Bolívia, o presidente Lula afirmou que o Brasil errou na estratégia de seus negócios com o país vizinho.
“Temos que admitir que o Brasil cometeu um erro estratégico ao ficar dependente de uma única fonte de energia que não é nossa”, disse. O presidente, contudo, avaliou que está se dando ao problema uma dimensão maior do que suas reais dimensões.
“Temos de resolver as coisas conversando, basta que nos coloquemos na posição deles e eles, na nossa”, sugeriu.
Lula, que se reuniu ontem em Puerto Iguazú, na Argentina, com Kirchner, Chávez e Morales, garantiu que sua maior preocupação é garantir o fornecimento de gás e o cumprimento dos contratos firmados. O presidente destacou não temer um aumento de preços e lembrou que a Petrobras tem compromissos assinados com o governo boliviano até 2019.
“Se eles querem administrar o gás é problema deles. Nós já tivemos a nacionalização de recursos minerais três vezes na Bolívia, duas vezes no Brasil, já tivemos no Chile, na Argentina e no Peru”, lembrou o presidente.
“Estamos vendo a imprensa brasileira falar da crise Brasil-Bolívia. Não tem, nem haverá crise Brasil-Bolívia”, concluiu Lula.
Jornal carioca responsabiliza FHC
Em 22 de junho de 2004, o jornal carioca Tribuna da Imprensa publicou reportagem que responsabiliza FHC por tornar o Brasil dependente do gás vindo apenas da Bolívia.
Segundo a publicação, o ex-presidente determinou que todo investimento disponível para o setor fosse utilizado na construção do gasoduto Bolívia-Brasil, apesar da obra servir basicamente aos interesses das cinco empresas que dominam o setor de petróleo no mundo. Ele teria feito isso por causa dos compromissos internacionais assumidos pelo pessoal que mandava naquela época.
Isto acontece porque estas empresas são as donas dos 1,1 trilhão de metros cúbicos de gás que circulam pelo duto. E o Brasil é o único entre os países da região com dinheiro para comprar o produto, que seria usado em termoelétricas.
O resultado desta operação foi desastroso porque o País se tornou dependente de apenas uma fonte para abastecer os consumidores de gás. Se essa fonte secar, o Brasil fica na mão.
Alerta – No ano passado, quando o povo boliviano foi às ruas exigir a nacionalização do petróleo, o governo brasileiro decidiu suspender o projeto de ampliação do gasoduto. O governo boliviano caiu e o governo provisório cedeu à pressões e aprovou lei de petróleo, dando mais poderes a estatal YPF.
Foi o sinal para o governo brasi