Inclusão: Bolsa Família responde por queda de um terço na desigualdade

O programa Bolsa Família, que transfere renda para famílias que ganham até R$ 100 mensais por pessoa, foi responsável pela queda de um terço da desigualdade no Brasil. O mercado de trabalho teria sido responsável pelos outros dois terços de queda na desigualdade, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a pesquisa, a desigualdade caiu por ano em média 0,7%. “Isso parece pouco, mas não é. É uma queda grande e representa que os 20% mais pobres estão ganhando renda a uma taxa de quase 7% ao ano, ou seja, é como se eles estivessem morando na China, uma economia que cresce nessa velocidade”, afirmou o pesquisador Sergei Soares, do Ipea.

Educação – Marcelo Medeiros, membro do Centro de Estudos da Pobreza, disse que a perda de renda dos mais ricos provoca redução da desigualdade, mas é uma maneira indesejável de conseguir essa redução. “Já aumentar a renda dos mais pobres diminui a pobreza, reduz a desigualdade e é a forma desejável para que isso aconteça”, enfatizou.

De acordo com Medeiros, a educação é uma política de longo prazo que ajuda a combater a desigualdade social e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, devem continuar por décadas, antes de alcançarem os resultados desejados.

Programas reduzem insegurança alimentar

O pesquisador do Centro de Referência Segurança Alimentar e Nutricional da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Renato Maluf, acredita que a insegurança alimentar poderia estar ainda pior não fossem os programas sociais do governo.

Ele se referiu aos números de pesquisa do IBGE, mostrando que cerca de 14 milhões de brasileiros ainda convivem com a fome no País, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

O levantamento também indica que 109 milhões de brasileiros vivem em condições de segurança alimentar, com acesso permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente.