Resistência na Volks – Greve unitária na próxima semana

Os trabalhadores nas cinco fábricas da Volks no Brasil fazem o primeiro ato conjunto na próxima semana. A partir de agora, toda semana vai ter manifestação contra o plano de reestruturação e demissões da multinacional.

Os metalúrgicos nas fábricas Anchieta, Taubaté e Curitiba da Volks fazem na próxima semana uma greve de advertência de 24 horas, com a realização de manifestações públicas para denunciar à sociedade o plano de demissão da empresa, que só aqui no Brasil pode significar 5.773 dispensas.

Nesse mesmo dia, os companheiros nas fábricas Resende e São Carlos fazem manifestações de protesto.

A partir daí serão realizadas atividades unitárias toda semana, até que a Volks reverta o plano de demissões.

O anúncio dessas manifestações foi feito ontem depois de encontro do Comitê Nacional dos Trabalhadores na Volks.

“Toda semana teremos uma atividade conjunta”, disse o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, durante coletiva.

Ele também anunciou que hoje representantes dos trabalhadores nas cinco fábricas entregam documento conjunto avisando que não aceitam negociações em separado, como sugeriu a empresa.

“O anúncio do plano de demissões deixou os trabalhadores muito revoltados”, afirmou o presidente do Sindicato de Taubaté, Valmir Marques, o Biro Biro.

Em Curitiba os companheiros fizeram uma parada na quinta-feira da semana passada contra as 69 demissões que aconteceram só neste mês de maio.

“Vamos continuar construindo um processo de resistência, pois não iremos negociar demissões e retirada de conquistas”, avisou Feijóo.

No encontro realizado em Puebla, no México, foi definida a criação de um símbolo internacional e aprovada uma declaração (leia abaixo) para demonstrar a luta de resistência dos trabalhadores e denunciar que não existe responsabilidade social por parte da Volks.

Declaração de Puebla

Os representantes da rede sindical alemã-ibero-americana, reunidos no mês de maio de 2006 na heróica cidade de Puebla (México), declaram:

Estamos vivendo uma mudança drástica nas relações capital-trabalho. Ao invés dos sindicatos e das organizações dos trabalhadores apresentarem suas reivindicações na busca constante de melhores condições de trabalho, são as empresas que fazem exigências aos trabalhadores. De forma repetitiva, as empresas exigem que renunciemos aos postos de trabalho, aos direitos conquistados em longas e históricas jornadas de luta.

Nada está a salvo – o emprego, a jornada de trabalho, os salários – tudo é objeto de ataque. As empresas querem nos converter em ferozes competidores, não com o fim de melhorarem nossas vidas, mas para piorá-las cada dia mais. Só terão direito de produzir os trabalhadores que aceitarem fazê-lo por piores condições. Com isso, buscam destruir o mais valioso conceito da classe trabalhadora: a solidariedade.

Vale tudo neste leilão de perdas: aumentar jornadas, diminuir salários, retirar direitos, renunciar aos benefícios. Querem estabelecer, em pleno século 21, as relações de trabalho próprias do século 19. Ninguém está a salvo em nenhuma parte do mundo, nem mesmo aqueles que, hoje, são aparentemente beneficiados, porque, amanhã, eles também serão chamados a dar sua cota de sacrifícios, ameaçados sempre por antigos modos de exploração disfarçados em modernas relações de trabalho. Nessa competição de perdas, sempre será possível perder mais.

Por isso é necessário dar um basta, dizer não. Sabemos que isso não é uma tarefa fácil, as ameaças são fortes e tendem a nos levar a uma atitude defensiva, em que ceder pode parecer, em um primeiro momento, a única solução. Esta filosofia do capital é, sem dúvida alguma, a grande ameaça que deve ser combatida. Defender o emprego, os direitos e as conquistas dos trabalhadores é nossa maior obrigação.

Nesse sentido, nós, representantes dos sindicatos, membros da rede sindical alemã-ibero-americana, aqui re