Barbárie em SP: Tiros da polícia foram de cima para baixo
Pelo menos 22 pessoas foram assassinadas pela polícia com tiros de cima para baixo, na semana seguinte aos ataques do PCC, indicando que essas pessoas estavam rendidas, no chão ou de joelhos.
A denúncia foi feita ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso à parte dos laudos do IML (Instituto Médico Legal) das 132 pessoas mortas por armas de fogo entre os dias 12 e 20 deste mês.
“São tiros inviáveis para um tiroteio num confronto”, disse Nelson Massini, professor de Medicina Legal da Universidade Federal do Rio.
Os laudos apontam ainda que duas pessoas foram mortas pelas costas e outras três tiveram ferimentos nos braços, o que pode indicar um gesto de defesa de uma vítima dominada.
O governo estadual ainda não informou quantos tinham ligação com o crime organizado. Dos 132 mortos, 117 moravam na periferia.
Apesar da troca do Secretário da Administração Penitenciária, os problemas do sistema carcerário paulista estão longe de serem resolvidos.
Há sete meses para o governo terminar, o novo secretário vai manter a mesma política. Com isso, as tentativas de fuga, as rebeliões e os resgates de presos podem continuar.
“Falta vontade política para resolver o problema”
O deputado Vanderlei Siraque (PT), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia, disse que o problema da segurança é decorrente mais de gestão do que de legislação.
“O problema não será resolvido com legislação nova, nem mesmo federal. Basta aplicar a lei já existente”, disse o parlamentar.
Ele comentou que existe a necessidade de integração entre polícias militar e civil, guardas municipais e segurança privada para fazer um planejamento estratégico em cada região do Estado.
“Só depende de vontade política, como a vontade do governador em colocar em prática o serviço de inteligência e informação”, explicou Siraque.
Ele lembrou que nem mesmo a lei do desarmamento é cumprida. “São mais de cinco milhões de armas clandestinas no Estado e 18 milhões no País”, disse.