Sindicato e movimento social transformam
“A união dos trabalhadores brasileiros com os movimentos sociais incentivou os movimentos populares da América Latina a lançarem candidatos próprios e a elegerem seus representantes. Um presidente operário no Brasil foi fundamental para a vitória de outros governos progressistas e para uma nova correlação de forças, necessária para a derrota do projeto de mercado global que os EUA queriam impor ao mundo”.
A constatação é do filósofo e professor italiano Antonio Negri, um dos maiores pensadores da atualidade, em debate na noite de segunda-feira na Sede do Sindicato.
Filósofo defende continuidade da renovação iniciada pelo Sindicato
O filósofo e professor italiano Antonio Negri defendeu durante o debate Os governos populares e o movimento social na América Latina, realizado segunda-feira à noite na Sede, que nosso Sindicato prossiga o processo de renovação iniciado na década de 70.
“A evolução constante dos metalúrgicos do ABC resultou na criação do PT, da CUT e na eleição de Lula. Um presidente operário no Brasil foi fundamental para a vitória de outros governos progressistas na América Latina e de uma nova correlação de forças, fundamental para a derrota do projeto de mercado global que os EUA queriam impor ao mundo”, afirmou Negri.
“Foi aqui que teve início a união dos trabalhadores com os demais movimentos sociais, pois este Sindicato sempre abriu suas portas para os sem-terra, à criança e ao adolescente, às mulheres e a várias organizações populares”, enfatizou.
“Este exemplo incentivou os movimentos populares do continente a lançarem candidatos próprios e elegerem seus representantes”, explicou o filósofo.
Negri é um dos mais importantes pensadores da atualidade, conhecido pela renovação das idéias de esquerda através de obras como Império e Multidão. Por sua militância e posições políticas, chegou a ser preso e exilado da Itália há mais de dez anos em um processo manipulado pelo governo direitista da Democracia Cristã.
Também participaram da mesa o ministro da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e ex-assessor do Sindicato, Paulo Vannuchi; o poeta Hamilton Pereira, presidente da Fundação Perseu Abramo e que mediou as discussões; o professor universitário Giuseppe Cocco; e o secretário-geral do Sindicato, Rafael Marques.
Trabalhador ainda é central
Mesmo considerando fundamental a união dos movimentos sociais para promover a mudança na sociedade, Negri entende que o trabalhador continua sendo o instrumento principal desta transformação.
“O capitalismo reduziu tudo a condição de mercadoria. Mas ele não tem essa força sozinho, ele precisa do operário”, disse.
“Sem o trabalho humano, o capitalismo não tem todo esse poder, que hoje explora os trabalhadores inclusive além dos muros das fábricas”, concluiu Negri.
O secretário-geral Rafael Marques encerrou o debate destacando o papel de agente transformador da sociedade que cabe a classe trabalhadora: “Muitos dos que estão aqui lembraram de suas próprias trajetórias enquanto Negri falava”.
Luta – O dirigente garantiu que o Sindicato continuará renovando na defesa dos interesses dos trabalhadores, como pediu o filósofo, e lembrou que os metalúrgicos do ABC agora estão se contrapondo a um plano mundial da Volks de precarização e demissões.
“Jamais seremos um sindicato acomodado. Continuaremos a luta e apresentando propostas para organizar a classe trabalhadora e mudar a sociedade”, finalizou Rafael.