Emprego na cabeça
Conheça um pouco da história dos meninos e meninas que iniciam curso de qualificação do programa Primeiro Emprego. Embora cheios de energia como qualquer adolescente, eles carregam consigo as marcas das muitas dificuldades enfrentadas desde a infância, e a esperança da cidadania.
Os caminhos do primeiro emprego
Região ganha novo centro para qualificação. Jovens que iniciam o programa
têm no emprego a esperança da cidadania
O presidente Lula e o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho,
inauguraram no sábado, 3 de junho, o novo Centro do Consórcio Social da
Juventude do ABC, em Santo André. A inauguração dá início a terceira etapa do
Projeto de Qualificação e Inserção de Jovens no Mercado de Trabalho, um dos
braços do Programa Primeiro Emprego. O objetivo é qualificar dois mil jovens de
baixa renda nas sete cidades da região.
“Vocês não podem perder a esperança. Vocês têm de acreditar que o Brasil não
vai jogar fora a oportunidade dele no século XXI”, disse o presidente aos jovens
das entidades sociais presentes à inauguração.
Nas duas fases anteriores, o projeto formou 2.859 pessoas, das quais 1.027
foram colocadas no mercado de trabalho.
Durante a qualificação (400 horas), além das aulas específicas, os alunos
recebem noções de cidadania e prestam trabalhos voluntários de serviços à
comunidade, recebendo auxílio financeiro mensal de R$ 150, pagos pelo Ministério
do Trabalho.
Perfil – Participam do projeto jovens de 16 a 24 anos,
integrantes de famílias com renda mensal por pessoa de até meio salário mínimo e
que frequentam o ensino fundamental ou médio (ou já tenham concluído o curso
médio) e sem vínculo empregatício anterior.
Várias instituições beneficentes, fundações e associações da região foram
selecionadas para fazer a qualificação. Entre elas está o Centro de Formação
Padre Léo Commissari, de São Bernardo que, na última segunda, dia 5, deu início
ao trabalho com os adolescentes oferecendo cursos de Confecção Industrial,
Panificação Industrial, Auxiliar do Setor Produtivo e Tecnologia da Construção.
“Estamos com 175 alunos que, até novembro, terão, além as oficinas específicas,
aulas de cidadania, português, matemática e comportamento”, explica a
coordenadora da entidade, Mariella Tamburelli. Conheça, abaixo, um pouco da
história destes jovens.
Por um lugar ao sol
César Brás Costa, 17 anos
“Eu já fiz muitos bicos,
entreguei folhetos, segurei placas de propaganda, trabalhei na Cidade das
Crianças. No fim, sempre levava calote. Trabalho desde os 9 anos, porque meu pai
fazia vasos de cimento e a gente ajudava a vender. Mas ele morreu há nove anos,
minha mãe não pode carregar peso; um outro irmão meu foi atropelado faz pouco
tempo. Meus irmãos casados ajudam, mas reclamam. Já fiz muitos desses cursos do
governo, Ação Jovem, Agente Jovem…. Gosto de fazer, mas enquanto a gente
aprende aqui tem meninos ricos fazendo faculdade, o que nós vamos ser é
empregados deles…. Sei que tenho dificuldades para entender Matemática,
escrever. Gosto de cozinhar, e tenho vontade de fazer um curso. Mas hoje tudo
que quero é um emprego para poder ajudar minha família”.
Tiago Viana Barbosa, 21 anos
“Minha madrinha
me inscreveu no programa, e espero aprender um pouco de informática, internet,
pra quem sabe abrir um comércio. Já fiz bico de muita coisa – eletricista,
açougueiro, ajudante de pedreiro, tomei conta de pátio de escola… Nunca
consegui um registro em carteira. Acho que se esse curso der certo, se eu tiver
bom desempenho, bom… meu sonho é ter um negócio, porque como já trabalhei
também com montagem de cartões, talvez pudesse investir nisso, ou mesmo num
açougue, já que tenho a experiência. Já terminei o colégio, moro com minha mãe,
três irmãos e uma sobrinha, e minha irmã mais