Estudo de metalúrgico revela discriminação com imigrantes
Dissertação de Osvaldo Nunes de Siqueira, da Filtrágua, mostra preconceito em revista da Era Vargas
O metalúrgico Osvaldo Nunes de Siqueira, gerente administrativo na Filtrágua, acaba de apresentar dissertação em que aborda o preconceito presente na Revista de Imigração e Colonização, editada no Brasil entre os anos de 1949 a 1955 (ou seja, no último período da era Vargas).
Formado em Direito, pedagogo e historiador, Osvaldo revela que o trabalho detectou um perfil discriminatório no conteúdo da publicação que permite a percepção de uma “biopatologia” do imigrante.
Segundo o metalúrgico, a revista estimulava a chegada de imigrantes europeus como o português, o espanhol e o italiano. Entre os indesejáveis estavam negros, asiáticos, alemães e judeus.
“A publicação era endereçada a técnicos e autoridades diplomáticas e servia de orientação para se permitir a entrada no Brasil dos imigrantes desejáveis”, explica.
No início, o trabalho de Osvaldo deveria abordar o metalúrgico durante a Era Vargas, mas, com o questionamento de uma das professoras, ele resolveu direcionar o estudo para a Revista de Imigração e Colonização. A tese foi apresentada no último 17 de maio, com aprovação.
Osvaldo, que trabalha na Filtrágua desde 1979, não descarta agora a publicação do estudo. “Fica em aberto”, aponta. Como estudioso de um veículo de comunicação, ele também avalia revistas e jornais da atualidade, e lembra que não é difícil observar ainda algum tipo de preconceito. “Com certeza tem uma certa imprensa que deveria somente dar a notícia, mas acaba manipulando-a. Isso também é discriminação, como na época pesquisada”, afirma.