Engenharia voltada às pessoas com deficiência

Uma bengala eletrônica que vê cores para pessoas com deficiência visual e um novo sistema de ergonomia para cadeira de rodas motorizada são apresentados por estudantes da FEI, em São Bernardo.

Os futuros engenheiros da área de Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), em São Bernardo, apresentaram no final de junho a exposição de projetos de formatura do curso. Batizada de Elexpo, a mostra deste ano trouxe novidades importantes para as pessoas com deficiência, preocupação presente também para alunos de outros cursos da escola, como os de Engenharia Mecânica.   

Entre as 12 idéias apresentadas na Elexpo estava a “bengala eletrônica”, um aparelho que permite a identificação de cores e detecção de obstáculos próximos, projetado pelos estudantes Michel Pereira Fernandes, Fábio José Micerino e Erick Soares de Oliveira. “Desde o início pensamos em criar algo que vinculasse o trabalho a uma atividade mais social, utilizando todo o raciocínio e a lógica empregados na Engenharia em prol da sociedade”, aponta Erick. Os estudantes iniciaram o projeto em agosto de 2005, observando não só a carência de equipamentos disponíveis para o deficiente visual, como a efetiva necessidade de produzi-los.

Após as pesquisas, foi  criado o protótipo da bengala eletrônica. Segundo Erick, se for produzido em grande escala, o equipamento pode ter o preço de R$ 180,00.  “Queríamos algo viável tanto em termos de praticidade quanto de custo, já que em geral a pessoa com deficiência tem dificuldades econômicas”, destaca o estudante.

Tecnologia – O sistema é composto por um micro-controlador central, equipamento que pode ser colocado na cintura do usuário, e por sensores responsáveis em receber e enviar as informações dispostas em um aparelho que fica na mão do deficiente visual. O micro-controlador interpreta e analisa os dados recebidos dos sensores e retorna ao usuário por uma orientação auditiva; ou seja, utilizando um fone de ouvido, ele ouvirá o nome da cor. Na presença de um obstáculo, receberá um aviso sonoro.

Com a fase dos testes, em prosseguimento, outras aplicações foram se tornando reais, como facilitar a identificação de medicamentos (bastando colocar uma etiqueta colorida nas embalagens dos remédios) ou o uso por daltônicos. “Muitos dos deficientes visuais perderam a visão com o passar do tempo; ou seja, já conhecem as cores. Ao encostar a bengala no objeto e apertar um botão ele saberá de que cor se trata”, explica Erick, lembrado que os estudantes agora buscam parcerias para viabilizar a produção do equipamento.

Cadeira facilita locomoção
 
Já alunos de Engenharia Mecânica  desenvolveram um dispositivo que, aplicado em cadeiras motorizadas com sistema de levantamento, permite ao usuário a opção de ficar em posição ereta e também sua movimentação, condição que hoje só é possível em cadeiras importadas. Batizado de Stand-up Life, foi uma das atrações da  exposição dos projetos de formatura do curso, e é assinado pelos estudantes André Flynn de Castro, Eurico de Araújo Fernandes, Cristiano Soares Fonseca, Nathalie Goldstein, Ricardo Botelho e Victor Hugo Boaretto.

“Nossa idéia é aumentar a mobilidade das pessoas e sua integração à sociedade”, afirmou Nathalie Goldstein. No mercado internacional, o sistema  tem peso de 170kg e custa aproximadamente R$ 70 mil. Já o projeto que os estudantes desenvolveram reduz o peso da cadeira para 98 kg e custaria cerca de R$ 14 mil. “Mais usuários poderiam usufruir desta tecnologia”, aponta a estudante. A cadeira motorizada com o dispositivo suportaria uma pessoa de até 130kg e com 1,80m de altura.