Montadoras terão de manter emprego se quiserem facilidade para exportar
Para conseguir do BNDES linha de financiamento de exportação com taxas especiais, montadoras terão de manter o nível de emprego. A medida, reivindicada pelo Sindicato, foi anunciada ontem.
O movimento sindical conseguiu um avanço importante ontem ao fazer o BNDES instituir uma cláusula de contrapartida social em seus contratos de financiamento para um setor industrial. É a primeira vez que isso ocorre.
A partir de agora, as montadoras que quiserem facilidade nas linhas de financiamento de exportação terão de manter ou ampliar o nível de emprego.
A medida foi anunciada ontem, no Palácio do Planalto, depois de uma reunião entre o presidente Lula, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, os ministros Luiz Marinho, do Trabalho, Luiz Furlan, do Desenvolvimento, a CUT e sindicatos que representam trabalhadores em montadoras.
Antes, as fabricantes de veículos tinham 30% de financiamento do total a ser exportado, com TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) e mais 4,5% de spread bancário (taxa que varia com o tempo de pagamento e o risco).
Agora, elas terão 55% do total do financiamento com TJLP e 3,8% de spread bancário, desde que mantenham ou aumentem o nível de emprego. Se não seguirem a regra, não terão a facilidade.
Ampliação – O Banco anunciou ainda que colocará mais R$ 3,3 bilhões para financiar as exportações de veículos, além do R$ 1,9 bilhão já destinado neste ano.
A base para medir o nível de emprego será o ano de 2005. Ou seja, para a montadora obter a facilidade e pagar em um ano, ao final do contrato deverá provar que tem o mesmo nível de emprego de 2005.
Dinheiro nosso – “Impor contrapartidas sociais nos financiamentos de bancos públicos sempre foi uma reivindicação nossa, já que esses bancos operam com dinheiro do trabalhador. Esperamos agora que práticas semelhantes sejam adotadas para outros setores industrias”, disse o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, que participou da reunião em Brasília.
Segundo ele, as medidas anunciadas ontem, mais o pacote cambial da última quarta-feira, vão favorecer bastante os setores que exportam.