Política de cotas: Maioria aprova a implantação

Pesquisa do Instituto Datafolha revela que a maioria da população é a favor da adoção de cotas para negros e descendentes nas universidades públicas brasileiras. Segundo o levantamento, a implantação da política de reserva de vagas para estes grupos tem o apoio de 65% da população.

A adoção de cotas para afro-descendentes está prevista no Estatuto da Igualdade Racial, em discussão no Congresso Nacional. O resultado da pesquisa vai contra o manifesto de uma centena de intelectuais brasileiros divulgado no final de junho. O documento se opõe à política de cotas com o argumento de que ela aumenta ainda mais os conflitos raciais e não ataca o problema estrutural da desigualdade no País.

“Os números da pesquisa apontam o que já sabíamos. É preciso, sim, garantir o acesso dos afro-descendentes à educação “, afirma Ana Nice, coordenadora da Comissão de Combate ao Racismo do Sindicato.

Inclusão – Dos entrevistados na pesquisa, cerca de 46% afirmaram conhecer o estatuto, mas apenas 9% se dizem informados sobre o seu teor.

Os dados do Datafolha mostram ainda que, entre os entrevistados, 87% concordam que deveriam ser criadas reservas de vagas nas universidades para pessoas pobres e de baixa renda, independentemente da raça.

De acordo com o IBGE, os negros representavam 48% da população em 2004.

Entre as pessoas com escolaridade fundamental, a aprovação das cotas é maciça, com 71% de apoio. Mas entre os entrevistados com nível superior 55% são contra o estatuto.

A maior parte das pessoas com renda familiar superior a 10 salários mínimos são contra (57%). Nessa faixa salarial, a rejeição é alta tanto entre os 54% que se auto-declaram negros como entre os 64% que se dizem brancos.