Privataria no Metrô: Tucanos saem em defesa das elites
Privatização do Metrô é a garantia de muito lucro para empresas e prejuízo para o povo.
Na greve dos metroviários de terça-feira falou-se muito sobre os reflexos do
movimento na vida do paulistano e pouco, quase nada, sobre o que originou o
protesto dos trabalhadores.
Se a concessão da futura Linha 4 – Amarela
for efetivada, o Estado de São Paulo vai entregar algo como R$ 700 milhões
só de tarifas por ano para um grupo de empresas que irá operar o
trecho.
“É favorecimento, é benefício da empresa privada com prejuízo do
setor público e do patrimônio do povo”, protestou o vice-presidente da CUT,
Wagner Gomes.
Punição – Na outra ponta da linha, os candidatos
Serra e Alckmin apressaram-se a defender a concessão em meio a duras críticas à
greve.
Para Serra, a paralisação dos metroviários foi um abuso,
pois a concessão é legítima. Alckmin, em cujo governo foi fechada a
parceria para construção da linha, diz que situação é absurda e pede à Justiça
que puna os grevistas. É dessa forma que eles tratam os interesses dos
trabalhadores e o patrimônio público.
Só não falaram o quanto as empresas
vão ganhar e quanto a população perderá.
Benefício – Pela
concessão, segundo o Sindicato dos Metroviários, o governo estadual investirá R$
1,9 bilhão no projeto, 73% do valor total da obra, enquanto o grupo de empresas
investirá apenas R$ 700 milhões, ou 27%, na compra de trens.
O pulo do
gato é que as empresas ficarão com todo o lucro da venda das passagens.
A
estimava é que elas arrecadem 720 milhões de reais em um ano. Em 30 anos, tempo
da concessão, serão cerca de R$ 20 bilhões. Se não atingir a previsão, o Estado
deverá cobrir a diferença.
Maracutaia da Vale ainda está na
memória
Só nos primeiros seis meses deste ano, a Companhia Vale do
Rio Doce lucrou R$ 6,1 bilhão. Os seus donos pagaram por ela a bagatela de R$
3,3 bilhões há nove anos. O lucro da Vale cresce 15% a cada semestre, segundo os
balanços publicados pela companhia.
Não é preciso muito raciocínio para
dizer quem ganhou e quem perdeu com a privatização da Vale. O mesmo acontece
agora com o Metrô Paulista. O discurso de FHC na época dizia que o dinheiro das
privatizações abateria a dívida pública e seria investido no social. Nem um, nem
outro aconteceu.
FHC privatizou 133 empresas públicas, arrecadou R$ 87
bilhões e foi na era tucana que a dívida pública saltou de R$ 67 bilhões para
cerca de R$ 670 bilhões, ou seja, de 23% para 58% do PIB, mesmo com a brutal
elevação da carga tributária de 26% para 35% do PIB.
Anulação –
Foi de olho nesse verdadeiro desrespeito ao que é do povo que entidades lançaram
a Campanha Nacional pela Anulação da Privatização da Companhia Vale do Rio Doce
na segunda-feira, no Rio de Janeiro. Já existem comitês em São Paulo e
Guarulhos.
A idéia é criar um ambiente de pressão sobre o Tribunal
Regional Federal de Brasília, que em outubro do ano passado reabriu o julgamento
de mais de 60 ações populares que pedem a anulação do leilão que entregou a
Vale.