Bancos pagam feriadão de juízes
As negociações entre bancários e banqueiros, que deveriam ter acontecido na semana passada, foram canceladas porque os donos dos principais bancos do País estavam em um seminário patrocinado pela Fenaban (a federação dos bancos) com a presença de juízes, desembargadores e acompanhantes durante o feriadão de 7 de setembro. De cada 100 ações analisadas pela Justiça, cerca de 30 são contra os bancos.
A denúncia é do Sindicato dos Bancários de São Paulo e acrescenta que as despesas dos convidados foram todas pagas pela Fenaban. O encontro ocorreu no balneário de alto luxo de Comandatuba, um dos mais caros do País. Apenas entre passagens e hotel a Fenaban gastou, pelo menos, R$ 182 mil.
Segundo o sindicato, 16 ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e 31 desembargadores de sete Estados falaram para uma platéia selecionada dos maiores banqueiros brasileiros.
O seminário dos juízes escandalizou a opinião pública e acionou o sinal amarelo dentro do próprio Judiciário. O Conselho Nacional de Justiça expediu uma resolução que proíbe expressamente “a participação de magistrados em eventos que tenham por finalidade a promoção de interesses dos respectivos organizadores”.
Mobilização da categoria continua
Para pressionar a Fenaban nas negociações que ocorrerão hoje, os bancários desenvolveram várias ações. No ABC, atrasaram em uma hora a abertura das agências no Centro de Diadema.
Quarta-feira passada, cerca de mil trabalhadores nas agências centrais de São Caetano realizaram movimento semelhante. Em São Paulo, 19 agências do Bradesco, Unibanco e Itaú ficaram fechadas ontem até o meio-dia, envolvendo quatro mil bancários.
“A categoria quer negociar, espera uma proposta às suas reivindicações apresentadas há mais de um mês”, protesta o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.
Os bancários querem reposição da inflação, aumento real de 7,5%, maior PLR, 14º salário, 13ª cesta alimentação e vale-alimentação de R$ 300,00, entre outros pontos.