Uma nova fase na luta pela tarifa zero
Pacote do governo federal, que permite o trabalhador escolher livremente o banco que quiser movimentar seu salário, reforça a campanha dos metalúrgicos do ABC pela tarifa zero.
Pacote do governo reforça campanha dos metalúrgicos
Medida do pacote do governo federal que permitirá ao trabalhador escolher livremente o banco que quiser movimentar seu salário reforça a campanha dos metalúrgicos do ABC pela tarifa zero.
A opinião é do presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, ao lembrar que um dos motivos da cobrança elevada de tarifas está no fato de as empresas imporem aos trabalhadores os bancos que operam as folhas de pagamento (veja matéria ao lado).
A campanha pela tarifa zero foi deflagrada na data-base de 2004, quando o Sindicato constatou que as tarifas podem morder até um salário mínimo por ano de cada trabalhador.
Naquela época, a reivindicação foi apresentada para todas as empresas e vários acordos isentando os metalúrgicos saíram. De lá pra cá, mais de 60 mil companheiros obtiveram a conquista na base.
A campanha também inspirou o deputado Vicentinho e o senador Aloizio Mercadante, os dois do PT, a apresentarem um projeto de lei isentando todas as contas salário. A mesma luta foi encampada por outras categorias.
Pela sua repercussão, a reivindicação entrou como parte no pacote do governo federal. Anunciado no início de setembro, o pacote traz várias medidas para baixar o custo do crédito.
A possibilidade de transferir o salário, que entra em vigor até 1º de janeiro, permitirá que o trabalhador escolha receber pelo banco que lhe ofereça tarifas menores ou zero, sem taxas ou impostos.
“O pacote abre a possibilidade para a gente pressionar os atuais bancos a concederem a isenção de tarifas, sob o risco deles perderem as atuais contas”, afirmou Feijóo.
Banco paga até R$ 50 mi por conta salário
Empresas nacionais e multinacionais leiloam suas folhas de salários entre grandes bancos. Segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, muitas empresas recebem dinheiro para entregar o processamento da folha de pagamento a um único banco.
Segundo o jornal, para empresas do porte do grupo Votorantim, JBS-Friboi, Dixie-Toga, Arcelor, Tigre, Marco Polo e Boticário, os bancos pagam entre R$ 4 milhões e R$ 50 milhões para ter a exclusividade da folha de salários, por um período de cinco anos.
Nesse tempo, os bancos contam recuperar o investimento com a venda de produtos financeiros aos trabalhadores e com a cobrança de tarifas. Segundo o Dieese, as tarifas representam 36% do lucro dos bancos.
A Folha revelou ainda que o então prefeito José Serra (PSDB) leiloou, em setembro do ano passado, a folha de pagamento dos 210 mil funcionários da Prefeitura de São Paulo. O Itaú pagou R$ 510 milhões pela exclusividade do serviço, cerca de R$ 2.400,00 por conta.
As empresas descobriram que suas folhas salariais valem muito e obtêm entre R$ 833,00 e R$ 2.300,00 por funcionário nos seus leilões.