Lula fala sobre o dossiê
Em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, ontem pela manhã, o presidente Lula garantiu ir fundo nas investigações sobre a tentativa de compra do dossiê dos sanguessugas e falou que tem interesse em saber o que há nos documentos.
Em entrevista ontem para o telejornal Bom Dia Brasil, da Globo, o presidente Lula esclareceu sua posição sobre a polêmica provocada pela publicação de dossiê com denúncias contra José Serra pela Revista IstoÉ.
Lula disse que teve várias oportunidades de usar dossiês contra adversários mas nunca fez isso porque abomina essa prática; falou que nem precisaria disso porque está em situação tranquila na campanha; afirmou que as pessoas que receberam a proposta do dossiê deveriam ter denunciado como ele já fez; reafirmou que mandou a Polícia Federal ir fundo nas investigações e que todos os supostos envolvidos serão afastados, como tem ocorrido. Lula destacou também que as investigações devem se aprofundar para verificar se são verdadeiras as denúncias apresentadas no dossiê. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Sobre o dossiê:
Eu acho abominável e demonstrei isso ao longo da minha vida. Em 1989, queriam que eu fizesse denúncias graves contra o Collor, e não fiz. Da mesma forma em 1998, contra FHC, eu resolvi não fazer, porque não faz parte do meu currículo, não faz parte da minha política ficar procurando coisas da vida dos outros para fazer campanha. Eu quero é debater idéias, eu quero é debater programas. Essas coisas só podem acontecer porque as pessoas são insanas quando têm esse comportamento político. Eu estou numa situação altamente confortável na campanha. Faltam dez dias para a eleição. Não sei por que alguém haveria de querer um dossiê contra o candidato a governo de São Paulo. Não era nem contra o Alckmin. Então, qual seria o interesse da minha campanha nesse negócio?
Sobre o envolvimento de pessoas próximas:
É grave. Quando alguém vem te oferecer uma maldade e pede dinheiro por ela, essa pessoa já não merece confiança. Esse é o princípio de alguém que participa de uma campanha como a minha. Então, ao receberem a proposta, as pessoas deveriam ter denunciado. Como eu fiz no dossiê das Ilhas Caymans, que era para prejudicar a campanha do Mário Covas e eu fiz questão de entregar a ele porque eu não acredito nesse tipo de comportamento. Se companheiros tiveram a ilusão de que estavam encontrando algo tão poderoso que poderia mudar o planeta, essas pessoas pagarão. Por quê? Porque eu quero saber quem é que deu dinheiro, se teve dinheiro, e o que tem nesse dossiê.
Sobre a apuração do dossiê:
Esse dossiê também é uma coisa que eu quero saber o que tem, por que ele valia tanto, por que tantas pessoas se envolveram numa coisa que, para mim, não tem nenhum sentido. Esse dossiê, sendo divulgado ou não, não me ajuda um milímetro na campanha eleitoral. Eu quero saber. Eu faço questão que a Polícia Federal vá fundo, investigue as entranhas de tudo o que aconteceu nesse processo, porque nós não podemos permitir que isso aconteça nas campanhas políticas.
Sobre o afastamento de supostos envolvidos:
O papel do presidente da República é afastar as pessoas. Eu não posso julgar e não posso prender. A pessoa cometeu um erro, qualquer que seja ele, pequeno ou grande, eu afasto ela. A partir daí o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça vão tomar conta da situação, não é o presidente. Quando eu afasto um companheiro como Berzoini, não é porque acho que ele está envolvido. É porque eu não posso, faltando dez dias para a eleição, ter como coordenador uma pessoa que vai passar dez dias respondendo sobre dossiê.
Sobre outras denúncias:
Tem que se levar em conta que o nosso governo não joga o lixo para debaixo do tapete como acontecia em outros governos. Houve uma denúncia, nós afastamos e investigamos a pessoa. Por isso reequipamos a Polícia Federal, preparamos melhor a inteligência da Polícia Federal, contratamos mais gente. Por isso o Ministério Público tem independência como jamais teve na história do Brasil – para que possa investigar tudo o que acontecer. E cada coisa