Big brother fabril
Na era da imagem digital, das microcâmeras e dos monitores de alta definição, muitas indústrias começam a embarcar nessa onda e o trabalhador vai perdendo a pouca privacidade que ainda lhe resta.
Não é novidade
A tentativa de controle a distância sobre os trabalhadores sempre existiu.
No filme Tempos Modernos, que critica o taylorismo e o fordismo (sistemas de produção criados há quase 100 anos), o personagem Carlitos era controlado por uma câmera até quando ia ao banheiro.
Mudou a estratégia
Até agora as empresas adotavam uma política de reação aos problemas disciplinares. Quando um trabalhador assumia alguma atitude em desconformidade com as regras da empresa, ela detectava e punia de acordo com critérios administrativos e legais. Assim, os conflitos que geravam tensão e estresse eram esporádicos e de duração limitada.
Hoje, essa prática está mudando. O conflito passa a ser permanente e, em nome de uma política preventiva, a empresa investe numa vigilância cada vez maior, utilizando câmeras de vídeo para coibir os trabalhadores da prática de qualquer atitude inadequada aos interesses da organização.
Estresse é maior
As câmeras provocam a perda da privacidade para todos, retiram a pouca liberdade dos trabalhadores, monitoram pausas, idas ao banheiro, conversas, enfim, aprisionam como correntes e coleiras eletrônicas. Quando alguém não aguenta mais e se insurge contra esse cerco, as imagens são provas para justificar as punições.
Mas, para evitar a revolta dos trabalhadores basta criar políticas de domesticação que transformem as pessoas em seres dóceis e obedientes, motivados para cumprir as normas e para obedecer ordens, sem questionar, sem reagir. Você já tinha pensado nisso?
Departamento de Saúde e Meio Ambiente