Bomba coreana é consequência da anti diplomacia de Bush

A Coréia do Norte passou a desenvolver a bomba atômica depois que o presidente Bush relacionou o país ao "eixo do mal", afirma professor de história.

Avanço nuclear na Coréia é consequência da truculência de Bush

As relações entre a Coréia do Norte e o mundo começavam a ser construídas até Bush ganhar as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Segundo o professor de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Francisco Carlos Teixeira, desde 1995 a diplomacia internacional se esforçava para congelar a produção de armas na Coréia do Norte oferecendo ao país parcerias comerciais.  Pressionado pela miséria do seu povo e por uma série de catástrofes naturais, o  presidente Kim Jong II tinha uma posição mais flexível e negociadora com os EUA. Os norte-americanos tinham a disposição de trocar armas por alimentos e petróleo.

Talento à guerra – A Coréia do Norte desenvolveu seu próprio arsenal até conseguir  produzir armas de grande alcance. Seus mísseis Taep podem chegar a 15 mil quilômetros e atingir a costa norte-americana no oceano Pacífico.

Eleito presidente dos EUA, Bush listou a Coréia do Norte nos países que considera o “eixo do mal”, ao lado do Iraque, Irã e de Cuba. Foi a senha para Kim Jong II autorizar o desenvolvimento dos mísseis com ogivas nucleares.

O primeiro teste com tais armas aconteceu no último dia 9, durante as comemorações do aniversário do ditador e do Dia do Trabalho no país.

O teste colocou o mundo em alerta. Sábado passado, a ONU anunciou sanções comerciais que o governo norte-coreano considerou ontem como uma “declaração de guerra e uma violação à soberania do país”.

Segundo o anúncio do governo, “se qualquer país tentar utilizar a resolução para ferir a soberania do país, o governo norte-coreano tomará medidas drásticas e impiedosas” e “acompanhará as futuras atitudes dos EUA” e tomará “medidas correspondentes” e “não cederá às pressões ou ameaças” contra seu programa nuclear.

População pobre, forças armadas ricas

A Coreia do Norte é um país pobre. Tem 22 milhões de habitantes e um produto interno bruto de R$ 66 bilhões de reais, menos da metade do PIB do Estado de São Paulo. Desse total, gasta R$ 13 bilhões com defesa militar. Ela também enfrenta carências naturais como a falta de insumos básicos como petróleo e estoques de alimentos. Entre 1995 e 1997, a Coréia enfrentou secas e invernos rigorosos e calcula-se que três milhões de pessoas morreram de fome nesse período.