Nicarágua: Ortega deve vencer eleição

Com 61% dos votos apurados, o candidato da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Daniel Ortega, está garantindo a vitória já no primeiro turno das eleições presidenciais na Nicarágua, realizadas no último domingo.

Ortega, que governou o país de 1979 a 1990, teve 39% dos  votos contra 29% do banqueiro Eduardo Montealegre. Se o resultado for confirmado, o sandinista, prestes a completar 61 anos, será proclamado presidente da República.

Para se eleger presidente no primeiro turno, o vencedor precisa obter 40% dos votos válidos.

Cerca de 3,5 milhões de nicaraguenses foram às urnas para eleger o presidente e 110 deputados.

Depois de 16 anos de sucessivos governos conservadores, a Nicarágua tornou-se o segundo país mais pobre da América Latina, perdendo apenas para o Haiti. Perto de 80% de nicaragüenses vivem com renda que atinge, no máximo, R$ 2,50 ao dia.

Entenda a Revolução Sandinista

A FSLN liderou a revolução que, em 1979, acabou com 45 anos de ditadura da família Somoza na Nicarágua. Ela adotou o nome de Augusto Sandino, líder político assassinado em 1934 por Anastasio Somoza, fundador do clã e avô do Somoza que governava em 79.

A luta dos sandinistas teve forte apoio popular. No poder, expropriaram os bens de Somoza, nacionalizaram bancos e passaram metade da economia para o controle estatal.

Os Estados Unidos reagiram e, em 1981, suspenderam toda a ajuda econômica à Nicarágua e passaram a apoiar guerrilheiros anti-sandinistas. A vitória de Daniel Ortega nas eleições de 1984 não foi reconhecida pelos EUA que, no ano seguinte, recusam a proposta de paz dos sandinistas e decretam embargo econômico total ao país.

A guerra civil e o boicote comercial provocam uma grave crise político-econômica e a inflação chega a 33.000% em 1988. Em 1990, os sandinistas perdem as eleições presidenciais. Em seguida os EUA suspendem o embargo.