Sem graça

O mundo está ficando muito chato. O trabalho, a nossa vida, tudo muito controlado, vigiado, com receitas e fórmulas para isso e aquilo.

Fórmula para o sucesso, para o crescimento, para o lazer, para o vencedor. Receita para ser feliz, para ter saúde, para ser bonito, enfim, uma chatice.

Falta espaço nesse mundo. Espaço para ser criativo, para tentar, ousar, errar e acertar.

É só alguém ser ousado, conseguir um novo sucesso, para que lá venham os chatos querendo escrever a formula mágica.

E dá-lhe entrevista, artigo no jornal, e até livro “Como ser chato em 148 lições”. A coisa piora no final do ano.

Os diretores pressionam os gerentes, que pressionam supervisores, que cobram os chefes, que chateiam os trabalhadores.

E dá-lhe estresse. Fazer relatórios, apresentar os resultados, as metas alcançadas. Os bons a gente mostra, os ruins a gente esconde… Viva o Ricupero.

O resultado é maravilhoso. Cada área mostra seus feitos, suas propostas e o planejamento para o próximo ano. E o bom resultado de cada setor avaliado separadamente, significa o quê? Quase nada!

Não somos ingredientes de bolo e nossa vida não se restringe a uma receita.

Mistura-se farinha, óleo, manteiga, leite e ovos de primeira qualidade. Usa-se um bom processo de preparo e faz-se um bolo muito bom. Com pessoas isso não é assim. Os exemplos são muitos, é só olhar em volta.

É preciso sonhar grande, bonito, ainda que seja um sonho. É preciso ousar, fazer diferente, experimentar o novo.

Todas as boas coisas já foram sonhos um dia. E só estão aí porque foram experimentadas. E alguém ousou realizá-las.

A não ser dessa forma, nossa vida será tão emocionante quanto uma bula de remédio, com uma ação desejável e inúmeros efeitos colaterais.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente