Reforma é pauta da elite
O governo repete a todo o momento que não fará uma reforma na Previdência. Mesmo assim, o assunto está todos os dias nos jornais porque a mídia quer obrigar o governo a debater o assunto de uma forma que só interessa às elites.
O presidente Lula repetiu na última terça-feira que seu governo não pretende realizar uma reforma na Previdência. “Não vamos mexer em nenhum direito dos trabalhadores”, disse ele durante reunião com dirigentes do PDT.
Num encontro com a bancada do PT no Senado no dia seguinte, o ministro da Previdência, Nelson Machado, arrematou: “Se o presidente falou, tá falado. Trabalho com a idéia de que, se os empregos com carteira assinada continuarem crescendo e com ganho de gestão, tenhamos condições de estabilizar e até reduzir o déficite previdenciário”.
Disputa – Entretanto, o assunto reforma da Previdência está quase todo dia nas manchetes de jornais desde o final do segundo turno. A cada dia lê-se novas notícias. Todas são especulações. As mais cabeludas afirmam a criação da aposentadoria por idade, só depois dos 65 anos. E a cada notícia a categoria fica de cabelo em pé, sem saber de fato o que acontece.
O secretário-geral do Sindicato, Rafael Marques, oferece uma interpretação para tanta especulação. Segundo ele, o que ocorre é uma disputa deflagrada pela mídia.
A história começou ainda na campanha eleitoral com a imprensa levantando a problemática do déficite da Previdência.
A mídia afirma que esse déficite tem de ser coberto e, para tanto, o governo deve promover uma reforma que corte direitos dos trabalhadores e dos mais pobres. Essa é a agenda neoliberal.
“Como o seu candidato (Alckmin) perdeu as eleições, a mídia defende agora os interesses da elite nessa área, pautando o governo”, raciocina Rafael.
Para ele, a elite quer aproveitar o patrimônio eleitoral de Lula e tenta impor uma agenda que interessa aos derrotados nas eleições. Nesse caso, o que interessa aos tubarões é a privatização da parte lucrativa da Previdência Social.
Sindicatos querem mudanças
Os trabalhadores, afirma Rafael, querem sim mudanças na Previdência como uma revisão no fator previdenciário.
Ele também diz que o movimento sindical apóia mudanças de gestão, como o ministro Machado propõe, que tape os ralos por onde saem milhões de reais em fraudes, reduza a sonegação, aumente a arrecadação e a eficiência de todo o sistema.
Segundo o dirigente, o Sindicato vai entrar nesse debate e apresentar propostas. “Não vamos cair nessa onda que a mídia faz. Queremos ser ouvidos porque não concordamos que o prejuízo recaia sobre os trabalhadores”, enfatiza.
Tema é debatido com parcialidade
Quando fala no déficit na Previdência e defende a reforma, a mídia avalia o problema com falsidade. Joga tudo nas costas de quem se aposentou ou recebe uma pensão sem nunca ter contribuído, como os trabalhadores rurais, ou os que estão na informalidade e também não contribuem.
Outro argumento para o déficite, segundo a mídia, é a redução na diferença do número de trabalhadores que contribuem para os que são aposentados. Nos anos 80 a média era de oito contribuintes para um aposentado. Hoje a relação é de três para um.
E os tubarões? – No entanto, nunca a grande