Lula reforça democracia na substituição de ministros militares

Discretamente, o presidente Lula acabou com o fantasma da mudança de comando das Forças Armadas no Brasil, trauma que assombrou o País nos últimos 43 anos.

Desde o golpe militar de 1964 (leia matéria abaixo), a troca na chefia do Exército, Marinha e Aeronáutica era um assunto que mobilizava a sociedade.

O País ficava em suspense, quando não assustado, sobre os novos nomes, devido o imenso poder que os militares detiveram durante a ditadura (1964 a 1985).

Na verdade, quem mandava no País eram os ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica. Eles escolhiam o presidente da República, que sempre era um general e cumpria o que os representes das Forças Armadas desejavam. 

Era democrática – Sexta-feira Lula acabou com isso. Ele restituiu a autoridade da Presidência da República como já acontece nas mais consolidadas democracias.

Após ouvir as indicações do ministro da Defesa, Waldir Pires, Lula escolheu os novos comandantes militares pelo critério de antiguidade. Como  deve ser feito.

Não houve questionamentos na área militar sobre os nomes e ontem mesmo se reuniriam com o presidente da República, o general Enzo Perry, novo comandante do Exército; o almirante Júlio Soares de Moura Neto, da Marinha; e o brigadeiro Juniti Saito, designado para a Aeronáutica.

Com seu gesto, Lula marcou o fim de uma era de submissão do Estado aos militares e devolveu a supremacia dos civis no comando da sociedade, como determina a Constituição e a democracia em regimes republicanos.

Nenhum dos presidentes civis que antecederam Lula após o fim do regime militar conseguiu fazer a substituição com tanta autoridade.

Só as Forças Armadas escolhiam o presidente

Em 1964, o Brasil vivia a firme ascensão de movimentos sindicais, populares e políticos que defendiam mudanças em todas as instituições do País. Eram comuns mobilizações por centrais sindicais, liberdade partidária, reforma agrária, combate ao imperialismo e outras manifestações neste sentido.

Milhões de pessoas defendiam nas ruas as chamadas reformas de base, que resultariam em uma profunda mudança nas relações sociais do País e ameaçavam diretamente o poder das elites.

Apavoradas com o crescimento das forças populares, estas mesmas elites convenceram os militares a dar um golpe de Estado extremamente conservador que massacrou a mobilização popular através de prisões, exílios, intervenções em sindicatos e outras medidas ditatoriais como o fim das eleições diretas e do direito de greve.

Endurecimento – A burguesia esperava que após o golpe os militares voltassem aos quartéis. Mas, ao contrário, as Forças Armadas aumentaram seu poder sobre o Estado e endureceram a ditadura no País.

A orientação conservadora que servia às elites foi mantida, o arrocho e a perseguição aos movimentos populares também. Mas quem mandava mesmo eram os militares. E apenas eles escolhiam o presidente da República, através de complicadas consultas internas nos quartéis. O povo ficava de fora.

Os resultados destas consultas eram debatidos pelos principais chefes militares e os ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que definiam o futuro presidente da República. O