Cooptação e Repressão II

Terminamos nossa matéria passada com a afirmação “Precisamos trocar a repressão pela persuasão” e isso se fundamenta em dois princípios básicos.

• No indivíduo, o processo repressivo leva ao desconforto, ao sofrimento, ao estresse e ao adoecimento, quase que invariavelmente nessa seqüência.

• No grupo, a impotência individual diante do poder asfixiante da repressão a valores vitais como a liberdade gera corrupção, individualismo, degradação de valores morais e estagnação das iniciativas pessoais e sociais.

Esses dois fatores conjugados são altamente nocivos ao processo produtivo que, ao contrário, necessita de lideranças no lugar de carrascos e um ambiente de cooperação, confiança, segurança e motivação.

Engano inicial

Diante de um quadro de mão-de-obra subdimensionada, processos tecnologicamente desatualizados, baixo nível de qualidade e custo pouco competitivo, é claro que num primeiro momento as políticas de gestão pela repressão mostram efeito.

Passado esse primeiro momento de euforia pelos resultados positivos haverá um refluxo, e o mais comum é ressuscitarem os velhos problemas, vitaminados pela degradação irreparável das relações humanas.

Ações e consequências

São perceptíveis as ações repressivas em curso nas empresas. Demissões de trabalhadores por suposta baixa performance, estabelecimento de metas inatingíveis, cerceamento à organização no local de trabalho, endurecimento nas relações com a representação sindical, demissão de militantes, cipeiros e até ameaças àqueles que se associarem aos sindicatos.

Na outra ponta, cresce a violência, o uso e abuso de álcool e outras drogas, lícitas e ilícitas, aumentam os casos de doenças psicomentais, psicossomáticas e outras doenças relacionadas ao trabalho.

O suicídio e o Burnout (síndrome da falência psíquica) passam a fazer parte do trabalho, que deveria gerar renda, realização e crescimento individual e social, mas traz apenas uma suposta qualidade de vida.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente