Mês da Mulher: Igualdade será obra da sociedade, diz ministra
A ministra Nilcéia Freire, secretária especial de Políticas para as Mulheres do
governo federal, afirmou sexta-feira à noite, no Sindicato, que a igualdade
entre os sexos, hoje, não é uma questão a ser resolvida apenas pelas
mulheres.
“A resolução deste problema é responsabilidade de toda a
sociedade e está relacionada ao próprio futuro da democracia”, disse Nilcéia
durante a realização do debate A mulher no trabalho e na sociedade, que encerrou
as atividades do Mês da Mulher no Sindicato.
A ministra destacou que
nunca houve no Estado brasileiro tantas oportunidades para se lidar com a
questão feminina como as proporcionadas atualmente. “O governo Lula teve
sensibilidade para o fato de que metade dos trabalhadores deste País pertence ao
sexo feminino e merece tratamento igual aos companheiros do sexo masculino”,
prosseguiu Nilcéia.
Ela aproveitou para alertar sobre o que considera o
grande perigo aos avanços conseguidos pelas mulheres nas questões de gênero.
“Precisamos olhar as conquistas dos últimos anos e repensar uma agenda que
possibilite às mulheres e aos homens melhor qualidade de vida, prazer e
felicidade no mundo”, destacou a ministra.
Direito a vida
plena
Nilcéia Freire revelou as três maiores dificuldades que
encontra para o trabalho da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
A primeira é fazer com que as decisões tomadas no Ministério cheguem aos
Estados e municípios. “É difícil conseguir que a sociedade deixe de encarar o
sexo feminino apenas como um ser reprodutivo e passe a olhar como alguém com
direito a vida plena”, protestou.
Outra dificuldade é a eterna diferença
de salários e funções.
Finalmente, a ministra alertou para a ofensiva que
será desencadeada contra a aposentadoria feminina no Fórum Nacional da
Previdência Social.
Alguns setores querem mudar as normas para as
mulheres alegando que contribuem menos tempo e vivem mais que os homens.
“A idade para aposentadoria e o tempo de contribuição atuais não são um
privilégio, mas uma compensação pela dupla jornada com o trabalho dentro e fora
do lar”, explicou Nilcéia.
Michele destaca
unidade
Michele Vieira, coordenadora da Comissão de Mulheres
Metalúrgicas do Sindicato, agradeceu a presença masculina no encontro, lembrando
que as mulheres só conquistarão a igualdade se os homens estiverem
juntos.
Ela aproveitou para denunciar que empresas da base, depois de
muita pressão da Comissão, abriram vagas em cursos de formação profissional mas
depois limitaram as contratações.
O presidente do Sindicato, José Lopez
Feijóo, elogiou os avanços conquistados pela Comissão, lembrando que apenas 14%
da categoria é formada por mulheres. “Ainda há muita resistência nas empresas
com relação às políticas afirmativas, mas tenho certeza que com o trabalho
desenvolvido pela Comissão de Mulheres nossos objetivos serão alcançados”,
finalizou Feijóo.
Também participaram do debate a presidente do Sindicato
dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano, e a coordenadora estadual sobre a
Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo, Cida Trajano.