Campanhas salariais em 2006: As melhores em dez anos
A maior parte das categorias conquistou aumento real de salários em suas campanhas salariais no ano passado, segundo pesquisa do Dieese. Melhores salários giram a roda da economia, pois aumentam o consumo, a produção e geram mais empregos.
As campanhas salariais do ano passado registraram os melhores resultados para os trabalhadores desde 1996, ano em que a pesquisa do Dieese começou a ser feita.
Salários maiores significam mais dinheiro no bolso, melhor qualidade de vida para a população e mais poder de consumo para todos os trabalhadores.
Tudo isso movimenta a economia, aumenta o consumo e gera empregos. Aumentos de salário representam também melhor distribuição de renda.
De acordo com o Dieese, no ano passado 96% das 656 negociações pesquisadas tiveram pelo menos o reajuste da inflação e 85% garantiram aumento real.
Mais da metade dos acordos tiveram 3% de aumento real e algumas categorias conquistaram 5% acima da inflação.
Segundo o economista José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Dieese, os dois fatores que mais pesaram para esse bom resultado foram o baixo nível da inflação, que ficou em 2,81%, e o crescimento da economia, de 2,9% do PIB.
O aumento do salário mínimo acima da inflação também contribui, fazendo com que as categorias exijam índices maiores de reajuste, principalmente para os pisos salariais.
O presidente do Sindicato José Lopez Feijóo lembrou que o crescimento econômico faz com que os sindicatos ganhem força nas negociações. “Nos quatro anos do governo Lula conseguimos quase 13% de aumento real”, disse.
Outras categorias da região também estão recuperando as perdas acumuladas na época FHC, como os químicos do ABC, que tiveram 5% de reajuste para quem ganha o piso e 3,5% para os demais salários.
Aumento real eleva consumo
O aumento real de salários proporcionou elevação no padrão de consumo da população, principalmente nas classes mais pobres. Pesquisa do IBGE mostrou que, nos últimos três anos, aumentou o consumo em 18 das 30 categorias de produtos pesquisadas.
Agora, as listas de compras incluem mais alimentos como frango, sorvete, iogurte e mistura para bolo. Também cresceram as vendas dos materiais de limpeza e dos celulares.
Os mais pobres estão se perfumando mais e indo no salão de beleza com mais frequência. Já os trabalhadores em uma faixa de renda um pouco mais elevada investem em bens duráveis, como carros e eletrodomésticos. A comercialização de automóveis no ABC, por exemplo, foi a maior de todo o Brasil.